A maioria das sondagens indica uma ligeira vantagem para Trump (o melhor posicionado para vencer as primárias republicanas, com uma larga diferença para todos os outros adversários), mas os inquiridos também dizem que poderão abandonar a sua preferência de voto no ex-Presidente se este vier a ser condenado num dos quatro processos judiciais em que está envolvido.
As mesmas sondagens dizem também que os eleitores democratas estão pouco confiantes na capacidade de Joe Biden para repetir a vitória sobre Trump, apontando a sua avançada idade (81 anos) como uma das razões de reserva.
A equipa de Biden acredita que à medida que os efeitos da retoma da economia (após a retração provocada pela pandemia de covid-19) se forem notando nos bolsos dos norte-americanos, a popularidade do Presidente — que neste momento se situa em 55 por cento de desaprovação, contra 39 por cento de aprovação — regressará aos níveis positivos de 2021.
“Mas há um problema que continua a afligir os norte-americanos e que pode ser tão decisivo como o comportamento da economia: a crise migratória, que está a bater todos os dias às portas das fronteiras no sul”, explicou à Lusa Barbara Lake, investigadora de Ciência Política na Universidade do Texas em Austin.
Esta analista lembra que Biden tem vindo a endurecer a sua política contra a imigração ilegal, entrando no território que até agora apenas tinha sido explorado por Trump, que recuperou as suas promessas de construir um muro na fronteira com o México.
“Com as novas políticas, o Presidente consegue dois efeitos: travar a grave crise nas fronteiras e dirigir-se aos eleitores que não gostam de Trump, mas concordam que a atual situação se está a tornar insustentável”, comenta Lake, referindo-se aos milhares de migrantes que diariamente se dirigem em direção ao sul dos EUA a partir da América Central.
Quando Biden chegou à Casa Branca, em 2021, começou por reverter algumas das políticas migratórias de Trump, prometendo “restaurar o humanismo e os valores americanos no sistema de migração”.
Contudo, os estudos de opinião rapidamente indicaram que os eleitores norte-americanos estão seriamente preocupados com a avalanche de imigrantes ilegais que atravessam as fronteiras e estão a provocar o caos nos sistemas de segurança social, num tema que Trump tem explorado.
O problema do ex-Presidente republicano é que, ao mesmo tempo que recolhe o apoio de uma parte relevante do eleitorado nas suas políticas migratórias, tem acentuado os seus níveis de rejeição junto daqueles que não estão confortáveis com os casos de justiça em que está envolvido.
As sondagens indicam que quatro em cada 10 eleitores que tenciona votar em Trump o deixarão de fazer se o ex-Presidente vier a ser considerado culpado em qualquer um dos quatro processos judiciais que o perseguem, em particular aquele em que é acusado de ter motivado a invasão do Capitólio, em 06 de janeiro de 2021, para tentar impedir a validação da vitória de Biden.
As sondagens indicam ainda que um em cada três eleitores republicanos também desaprova as ameaças que Trump tem feito de se vingar dos dirigentes do Partido Democrata, pelo que considera ser uma “perseguição política inaceitável”, caso venha a ser eleito.
Estes números poderão vir a ser essenciais sobretudo nos chamados ‘swing states’ — os estados cujo eleitorado facilmente transita entre os dois principais partidos — que nestas eleições deverão ser Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.
A má notícia para a equipa da Casa Branca é que, neste momento, Biden apenas tem vantagem sobre Trump no estado de Wisconsin, perdendo para Trump em todos os outros.
A equipa de Biden espera, por isso, que os casos da justiça afetem a imagem de Trump, que as promessas de medidas mais duras na política migratória travem a queda de popularidade e que a questão do acesso ao aborto também seja atraente para os eleitores daqueles estados.
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