"Nós voltamos a ter este incêndio [Mação] e vamos ter seguramente mais incêndios desta dimensão. Nós temos uma floresta particularmente desordenada”, disse António Costa aos jornalistas depois de mais de uma hora e meia de reunião na Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide, para receber informação atualizada sobre os incêndios em Portugal.

Pois, acrescentou, “quando há 10 anos foi feita uma grande reforma na Proteção Civil" foi assumido que se estava "a comprar tempo para que fosse feita a reforma da floresta”.

“O tempo não foi aproveitado", exclamou.

Segundo o primeiro-ministro, "não haverá nunca dispositivo algum que possa garantir e evitar que perante o número de ocorrências”, a floresta que existe e as condições atmosféricas que o país atravessa, que não se volte “a ter situações desta natureza".

"A maior irresponsabilidade que eu podia ter era assegurar que isto não vai voltar a acontecer", considerou.

O primeiro-ministro deu o exemplo de Mação, onde estão a ser consumidas pelos incêndios áreas que arderam em 2003 e alertou que "se nada for feito de fundo”, daqui a 10 anos, nos mesmos locais existirão “ocorrências idênticas”.

Segundo António Costa, a reforma estrutural da floresta - que aguarda promulgação do Presidente da República - "levará anos a produzir efeitos no terreno".

"Desde 01 de julho até hoje nós tivemos 2007 incêndios, dos quais 81% foram controlados nos primeiros 90 minutos. O dispositivo responde na generalidade das situações", enalteceu.

Recusando fazer de "treinador de bancada" quando questionado sobre eventuais falhas no terreno no combate ao incêndio que deflagrou no domingo à tarde na Sertã e depois se alastrou aos concelhos de Proença-a-Nova e Mação, o chefe do executivo elogiou a "estrutura profissionalizada na Proteção Civil", considerando que Portugal tem "um grau de profissionalismo e competência indiscutível".

"Não podemos avaliar o desempenho deste dispositivo por cada incêndio que não é controlado no primeiro momento. Temos que avaliar o conjunto do sistema e confiar no funcionamento das instituições", sublinhou.

Enquanto primeiro-ministro, referiu António Costa, é sua "missão não só confiar como expressar confiança" nestas instituições.

Antes da fase de perguntas e respostas aos jornalistas, o chefe do executivo deixou uma palavra de "alento, de confiança e de alerta" aos portugueses.

O chefe do executivo dirigiu-se em particular aos bombeiros voluntários que combatem as chamas, às populações afetadas e aos autarcas que "têm tido um papel incansável".

"Confiança, naturalmente porque todos nós vamos recebendo a notícia daquelas situações que ganham uma dimensão trágica, mas essas situações não podem esconder aquilo que tem sido o desempenho extraordinário de todos aqueles que são responsáveis por combater estas ameaças", explicou.

António Costa alertou ainda os cidadãos para os comportamentos de risco, sublinhando que este ano, para além dos riscos estruturais que são conhecidos, há condições particularmente adversas, como é o caso da seca e da meteorologia.

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