Depois de realizar um périplo pela baixa lisboeta com Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa falou aos jornalistas, um dia depois de ter anunciado as medidas da segunda fase de desconfinamento.
Tendo passado por espaços na rua Garrett, na rua Nova do Almada e na rua do Carmo, o primeiro-ministro disse que “os estabelecimentos comerciais estão prontos para receber e com segurança, todos eles têm dispensadores de gel e líquidos de desinfeção à entrada, todos eles têm os seus profissionais devidamente protegidos com máscaras para evitar a contaminação, todos eles têm a lotação fixada para que não haja excesso de pessoas nas lojas.”
Com estas medidas implementadas, Costa disse que "podemos retomar com confiança e em segurança aquilo que deixámos de fazer em meados do mês de março”, quando a pandemia e o estado de emergência decretado com consequência levou ao encerramento de quase todos os estabelecimentos comerciais do país, com a exceção dos que vendiam bens essenciais.
Atendendo à segurança que os espaços estão a oferecer, Costa apelou aos portugueses "dar agora o passo seguinte". "Com a mesma determinação como nos fechámos, temos agora também de voltar à rua. Voltar a procurar retomar a normalidade da nossa vida, agora de uma nova forma e com as cautelas que não podemos deixar de ter”, argumentou o primeiro-ministro.
“Podemos todos começar a recuperar a liberdade de circular, não nos podemos deixar vencer pelo vírus nem pela cura”, recordou o primeiro-ministro, lembrando ser necessário “ajudar todo este comércio, que tem sofrido muito com o encerramento, a retomar a sua atividade". "Temos de corresponder ao enorme esforço que estes comerciantes todos fizeram um pouco em todo o país , foi muito duro para estas pessoas terem de fechar de um dia para o outro, a dificuldade de manter os postos de trabalho e o rendimento dos seus funcionários", lembrou.
"Isso é fundamental, só se eles venderem é que a indústria produz e que os empregos são protegidos e só protegendo os empregos é que garantimos o rendimento e assim a economia trava esta queda em que temos estado”, continuou Costa
Quanto aos receios de que esta abertura pode estar a acontecer demasiado cedo e a depender no "civismo dos portugueses", o primeiro-ministro diz que esse "tem sido a chave no nosso sucesso na contenção da pandemia" e "vai ser a chave para nos irmos libertando em segurança".
"Se cada um de nós mantiver aquilo que é uma disciplina básica, que é desinfetarmos as mãos, usarmos as máscaras quando é necessário, tossir para o cotovelo quando for preciso, manter o distanciamento físico, podemos retomar a nossa vida em liberdade e segurança", garantiu António Costa.
Costa antevê campanha presidencial diferente, com distanciamento físico
O primeiro-ministro considerou também que tão cedo não voltará a haver campanhas eleitorais como antigamente, devido à covid-19, e anteviu uma campanha para as presidenciais de 2021 diferente, com distanciamento físico.
Questionado se se imagina a fazer esse mesmo percurso numa futura campanha com o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS retorquiu: "Eu acho que não há tão cedo campanhas eleitorais como as campanhas eleitorais antigas".
"Acho que a próxima campanha eleitoral que podemos imaginar ser como eram as de antigamente há de ser a campanha para as eleições autárquicas, mas isso é só em outubro de 2021. Até lá, acho que as campanhas vão ser seguramente bastante contidas - não é contidas, é com distanciamento, adaptadas ao distanciamento físico que temos de ter", acrescentou António Costa.
Na quarta-feira, durante uma visita à Autoeuropa, o primeiro-ministro disse esperar regressar àquela fábrica com o atual Presidente da República já num segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, contando, portanto, com a sua recandidatura e reeleição.
"Nós vamos ultrapassar esta pandemia e os efeitos económicos e sociais este ano, no ano que vem, nos anos próximos. E eu cá estarei, e cá estaremos todos, porque isto é um espírito de equipa que se formou e que nada vai quebrar. Cá estaremos este ano e nos próximos anos a construir um Portugal melhor", afirmou, em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa.
Portugal contabiliza 1.203 mortos associados à covid-19 em 28.810 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
O país entrou no dia 3 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
O Governo aprovou hoje novas medidas que entram em vigor na segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios. Até agora, apenas lojas com 200 m2 podiam manter-se abertas.
O regresso das cerimónias religiosas comunitárias está previsto para 30 de maio e a abertura das praias para 6 de junho.
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