Estas posições foram transmitidas por António Costa durante o debate da moção de censura do Chega ao Governo, na Assembleia da República.

O primeiro-ministro começou por observar que, em política, “nada é por acaso” e apontou que a moção de censura do Chega foi apresentada “no dia em que se iniciava o Congresso do PPD/PSD e marcada para o dia em que estava prevista uma interpelação do PCP”.

“Ou seja, esta moção de censura mais do que dirigida ao Governo é um exercício de oportunidade na competição com os outros partidos da oposição”, defendeu.

Para António Costa, a moção de censura é sobretudo dirigida a uma parte da oposição”, numa alusão indireta à nova liderança do PSD.

“Como é próprio dos populistas, o Chega vocifera muito, mas nada propõe e nada resolve. Esta é uma distinção essencial entre nós. Os populistas alimentam-se dos problemas. Um Governo responsável, reconhece os problemas e age para os resolver”, declarou o líder do executivo.

Na parte final do seu discurso, que teve a duração de 13 minutos, o primeiro-ministro voltou a visar o Chega.

“Esta moção de censura confirma o que todos já sabíamos: O Chega está na vida política para fazer barulho, ter palco e espaço mediático, e não para resolver problemas das pessoas e do país”, insistiu.

Na perspetiva do primeiro-ministro, o Chega “pode até conseguir ganhar a corrida de oportunidade com algum partido da oposição”.

“O que não consegue é atingir um Governo responsável, focado na sua missão. Nós estamos aqui para resolver problemas, para criar soluções e para construirmos um país melhor com mais crescimento, mais justo e melhores condições de vida para os portugueses”, acrescentou.

Além disso, António Costa optou por responder em conjunto às cinco primeiras perguntas dos partidos, e dirigiu críticas duras ao líder do partido proponente, André Ventura.

“O senhor deputado fala, fala, fala, mas nem uma propostazinha apresenta. Nós podemos não concordar com as propostas do PCP e do BE, mas têm ideias, têm propostas. O senhor deputado tem ideias, tem propostas, tem alguma coisa para pôr em cima da mesa? Zero”, acusou.

António Costa contestou os números apresentados por André Ventura, de que Portugal teria os preços mais caros de gasolina e gás natural da Europa, mas admitiu que a inflação irá continuar a subir.

“Se o senhor deputado quer cavalgar a onda de inflação, a má notícia para os portugueses é que infelizmente vamos continuar a ter inflação”, disse.

O primeiro-ministro salientou que “a inflação não se decreta” e que as causas fundamentais da sua subida são exteriores, relacionadas com a rutura das cadeias de abastecimento iniciada com a pandemia e agravada pela guerra.

“Sim, os preços vão continuar a subir, o que temos de fazer é batermo-nos exteriormente por medidas que possam ser adotadas e fazer internamente o que temos feito”, apontou, dando como exemplo a redução da carga fiscal sobre os combustíveis.

António Costa defendeu que os portugueses precisam “não é de um altifalante” dos seus problemas, mas que o Governo “contribua para os resolver”.

“Se nos limitássemos à oratória do senhor deputado, nada teria melhorado na vida dos portugueses (...) É essa a diferença entre nós, o senhor deputado fala, nós fazemos”, reiterou.