A reunião, convocada na quinta-feira por António Costa para hoje às 11:30, surge na sequência do “contínuo aumento” de novos casos diários de infeção com o novo coronavírus e pela necessidade de "reforçar a sensibilização dos cidadãos para a adoção de medidas de prevenção e de segurança contra a covid-19".
O primeiro-ministro afirmou hoje que Portugal está a acompanhar a tendência europeia de aumento de infetados com o novo coronavírus. Esta posição foi transmitida por António Costa no final da reunião, que durou cerca de duas horas.
"A manter-se esta tendência, chegaremos aos mil casos por dia. Temos de travar esta tendência. Não podemos parar o país", declarou o primeiro-ministro na conferência de imprensa.
António Costa referiu que "não podemos voltar a parar o país", uma vez que isso "tem custos enormes". Todavia, é necessário travar o crescimento da pandemia.
Para o evitar — já que "o vírus não anda sozinho" —, é necessário, segundo o primeiro-ministro, seguir cinco regras fundamentais: “Temos de travar a pandemia por nós próprios”, afirmou António Costa, destacando 5 regras fundamentais: usar máscara "o mais possível e obrigatoriamente sempre que necessário", manter a higiene regular das mãos, respeitar estritamente a etiqueta respiratória, manter o afastamento físico e utilizar a aplicação Stayaway Covid.
"Não há razões para pânico, não há razões para medo", mas cada um "tem de ser cauteloso", disse, acrescentando que "não podemos mesmo relaxar. As escolas não podem fechar, os idosos não podem adoecer nos lares", frisou.
O primeiro-ministro acrescentou ainda que "temos de retomar a normalidade da nossa vida, respeitando as regras fundamentais, para controlar a pandemia".
Na sua declaração inicial, o líder executivo considerou que o país "está a sofrer um forte crescimento de novos casos diariamente" - uma trajetória que começou a registar-se em meados de agosto.
Por isso, de acordo com António Costa, "não se pode deixar que a pandemia continue a crescer".
"Agora, não vamos poder voltar a parar o país, como aconteceu em março. Agora, o controlo da pandemia depende da responsabilidade pessoal de cada um de nós. Não podemos voltar a privar as crianças do acesso à escola, não podemos voltar a proibir as famílias de visitarem os seus entes queridos nos lares, não podemos separar as famílias no Natal como fizemos na Páscoa. Temos mesmo de travar a pandemia por nós próprios através da nossa responsabilidade pessoal", frisou.
Já no período de perguntas dos jornalistas, o primeiro-ministro desdramatizou a atual situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), designadamente em termos de capacidade de resposta a doentes com covid-19.
"Felizmente, a pressão sobre o SNS mantém-se limitada. Aliás, os números de hoje revelam uma diminuição de internados, quer em cuidados intensivos, quer em internamentos gerais. Felizmente, não estamos numa situação em que não haja controlo no SNS. Mas os períodos de incubação são longos", ressalvou.
Plano para o período outono/inverno
O primeiro-ministro revelou hoje que a Direção Geral da Saúde (DGS) vai apresentar na próxima semana um plano de medidas contra a covid-19 para o período outono/inverno e exortou ao cumprimento regras de prevenção já em vigor.
"Na próxima semana, a DGS apresentará qual o plano específico para o período outono/inverno. Como sabemos, perante um vírus novo, a comunidade científica tem vindo a evoluir em relação ao conhecimento que dele tem e, consequentemente, no que respeita às medidas adequadas para a sua contenção", afirmou.
Perante os jornalistas, porém, António Costa procurou centrar a sua mensagem na questão "fundamental" da responsabilidade individual de cada um no combate à propagação do novo coronavírus.
"Antes de pensarmos que novas medidas podemos adotar, devemos concentramo-nos nas medidas que já sabemos que temos de cumprir", defendeu, antes de exortar ao cumprimento pelos cidadãos de "cinco" regras básicas de prevenção e de segurança contra a covid-19.
António Costa pediu então que os cidadãos "usem a máscara o mais possível e obrigatoriamente sempre que necessário".
"Deve-se manter a higiene regular das mãos ao longo de todo o dia, respeitar estritamente a etiqueta respiratória (tossir só para o cotovelo e nunca sem qualquer proteção) e manter o afastamento físico adequado. E apelo para que seja descarregada e utilizada a aplicação 'stayaway covid' que respeita escrupulosamente a proteção de dados, assegura o anonimato e garante que cada um de nós, se estiver infetado, possa avisar sem se identificar todos aqueles que inconscientemente ou involuntariamente tenham sido contagiados. Essas cinco regras são fundamentais", insistiu.
De acordo com a tese do primeiro-ministro, se estas regras forem cumpridas, será possível ao país controlar a pandemia.
"Conseguiremos garantir que o ano letivo possa decorrer normalmente e sem sobressaltos, podemos garantir que as empresas vão poder manter-se em atividade e, sobretudo, garantimos a proteção do emprego e do rendimento das famílias", sustentou.
Neste contexto, António Costa reiterou a ideia de que não se vai repetir o confinamento que vigorou entre março e o início de maio.
"O custo social do confinamento foi brutal, o sofrimento pessoal de cada um foi enorme e a dor nas famílias foi grande. Temos de evitar passar por tudo isso outra vez. Desta vez, que ninguém tenha dúvidas: Está nas mãos de cada um assegurar aquilo que é necessário", acrescentou.
Do gabinete de crise, que se reuniu pela última vez em 29 de junho, em São Bento, fazem parte os ministros de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, de Estado e da Presidência, Marina Vieira da Silva, de Estado e das Finanças, João Leão, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, da Administração Interna, Eduardo Cabrita, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, da Saúde, Marta Temido e das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
Integram ainda este gabinete de crise os secretários de Estado dos Assuntos Parlamentares, Adjunto do Primeiro Ministro, Adjunto e da Defesa, da Juventude e Desporto e da Mobilidade.
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