O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, voltou esta quinta-feira a confirmar a disponibilidade para o envio de tanques Leopard para a Ucrânia, para ajudar face à invasão da Rússia.

Em Bruxelas, na Bélgica, o líder do governo salientou que o envio estará "previsto para março".

António Costa foi ainda confrontado com a possibilidade de ajudar a Ucrânia também com o envio de caças F16, que tinham sido pedidos por Volodymyr Zelensky. Ao contrário de outros países, como os EUA e o Reino Unido, contudo, o primeiro-ministro de Portugal diz que não poderá aceder a esse pedido-

"Estão todos alocados a missões de que não podemos prescindir", disse António Costa, salientando que os caças estão numa missão de cooperação com a Roménia.

Entretanto, o primeiro-ministro disse também que interessa ouvir de Zelensky, “em concreto, qual o tipo de apoio que neste momento é mais importante para a Ucrânia”. “Convém recordar que além do apoio estritamente material, de que agora se fala muito em matéria militar, há outros tipos de apoios na área de formação, em que temos estado empenhados, o apoio técnico que temos estado a dar para a preparação do processo de adesão à UE, e apoios indiretos que temos dado”, em matéria de acolhimento de refugiados.

“Nada melhor do que falar diretamente com o Presidente Zelensky para apurar as prioridades”, apontou.

Costa sublinhou que é importante discutir “também as perspetivas de como se pode construir a paz”, reconhecendo que “o momento, os termos e as condições para a paz só a Ucrânia pode definir”.

“A Ucrânia é o país agredido e, portanto, é a Ucrânia que tem o direito de definir quais são as condições, o momento e os termos em que a paz é negociada. Agora, a ambição de todos nós é que essa paz seja possível. Esse tem de ser o objetivo”, disse, sublinhando por mais de uma vez que é sempre preciso recordar que “quem desencadeou a guerra no passado dia 24 de fevereiro foi a Rússia”, pelo que “é a Rússia que tem de parar a guerra, é a Rússia que tem de perder esta guerra, e é a partir daí que se constrói a paz”.

Comentando o ‘périplo’ que Zelensky está a fazer desde quarta-feira pela Europa, naquela que é a segunda vez que sai da Ucrânia desde o início da ofensiva militar russa – estivera em Washington em dezembro passado -, Costa considera que este grande esforço diplomático que o Presidente ucraniano está a desenvolver, deslocando-se a Bruxelas depois de já ter estado em Londres e Paris, é também uma forma de sensibilizar todos os líderes para a importância do momento no conflito, e “transmitir informações que de outra forma não poderia fazer com total segurança”.

“E também ver com cada um de nós qual a melhor forma de podermos otimizar o esforço no apoio à Ucrânia, para que a Ucrânia possa ganhar esta guerra e afirmar a vitória do direito internacional”, disse, elogiando a coragem e determinação que Zelensky tem demonstrado desde o início do conflito.

“É indiscutível que o Presidente Zelensky é uma personalidade que nos impressiona a todos, pela sua coragem e determinação. Se nós recuarmos um ano atrás, quando esta guerra se iniciou, a perspetiva que muitos tinham é que esta guerra terminaria muito rapidamente, com uma vitória inevitável e esmagadora da Rússia. É extraordinária a capacidade de resistência, de mobilização, desde logo do seu povo, também de toda a comunidade internacional, em torno desta afirmação de defesa do direito internacional. E acho que é alguém que superou todas as expectativas quanto à capacidade de liderança e de afirmação”, declarou.

Depois de se dirigir ao Parlamento Europeu, Zelensky reúne-se ainda esta manhã com o conjunto do Conselho Europeu, estando previsto a seguir um período de duas horas para reuniões bilaterais em grupo com os chefes de Estado e de Governo dos 27.

*Com Lusa