Gonçalo Pereira Ribeiro Telles, figura pioneira da arquitetura paisagista em Portugal, morreu hoje à tarde, na sua casa, em Lisboa, aos 98 anos, confirmou o SAPO24.

"O país tem para com Gonçalo Ribeiro Telles uma enorme dívida de gratidão, quer no lançamento das bases da política ambiental em Portugal, quer no desenvolvimento de uma consciência ecológica", escreve António Costa numa mensagem publicada na sua conta pessoal na rede social Twitter.

Na mesma mensagem, o primeiro-ministro considera que Gonçalo Ribeiro Telles foi "um homem à frente do seu tempo".

"As ideias que defendia há 50 anos e eram então consideradas utópicas são hoje comummente aceites. A sua perda é inestimável. O seu legado, felizmente, perdura, e somos todos seus beneficiários", acrescenta o líder do executivo.

"A Casa dos Vinte e Quatro foi durante muito tempo aquilo que hoje chamamos a Assembleia Municipal de Lisboa, mas estar aqui é também uma oportunidade para prestar homenagem ao arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, uma grande figura do país e não apenas da cidade", declarou António Costa, tendo a escutá-lo o cardeal patriarca D. Manuel Clemente, D. Duarte Pio, além do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina.

No breve discurso que proferiu, António Costa referiu-se ao arquiteto paisagista como "uma figura inspiradora e transformadora do país, assim como do pensamento em Portugal", apontando depois, entre outros exemplos, a autoria "de obras maravilhosas publicadas sobre a floresta".

Fundação Calouste Gulbenkian

O Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian expressou “profundo pesar” pela morte do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, hoje, aos 98 anos, “figura ímpar” ligada àquela instituição “desde o primeiro momento”.

Num comunicado hoje divulgado pela fundação, a sua presidente, Isabel Mota, recorda “o amigo e visionário que inspirou gerações de arquitetos paisagistas, responsável, em conjunto com António Viana Barreto, pelo desenho do jardim da Fundação Gulbenkian [em Lisboa], um espaço que se tornou emblemático para todos os que diariamente aqui esquecem o bulício da cidade”.

Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, cuja carreira também se destacou na cidadania, ecologia e na política, morreu hoje à tarde, em casa, em Lisboa, rodeado por familiares, revelou à agência Lusa fonte próxima da família.

A presidente da Fundação Calouste Gulbenkian lembra que o arquiteto era um “incansável defensor das cidades ecológicas e humanizadas, das reservas e parques naturais, dos jardins e das hortas urbanas, perante a ameaça constante dos interesses privados e corporativos”.

“Nunca é demais realçar o espírito de um homem à frente do seu tempo que viu, como poucos, o que reservava o futuro numa altura em que os alarmes das crise ecológica e climática ainda não soavam com a força de hoje. Um homem profundamente cansado de ter razão que tantas vezes viu a cidade tomar um rumo contrário à visão que, sabiamente, defendia, baseada num profundo conhecimento e num amplo bom-senso”, refere Isabel Mota.

Gonçalo Ribeiro Telles, “que apreciava o carácter dinâmico dos jardins, tão ligado ao movimento da vida, como gostava de dizer, com elementos que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, ficará para sempre ligado” à Fundação Calouste Gulbenkian e ao “jardim admirável que ajudou a criar” na zona da Praça de Espanha.

Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou hoje a morte do arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, lembrando-o como um "lutador pelas liberdades e a democracia" e uma "consciência crítica" no plano ambiental.

Gonçalo Pereira Ribeiro Telles morreu hoje à tarde, na sua casa, em Lisboa, aos 98 anos.

"Respeitado humana, profissional e politicamente por amigos, colegas e adversários, e pelos portugueses em geral, Gonçalo Ribeiro Telles deixa um legado alcançado por poucos", lê-se numa nota do chefe de Estado publicada no portal da Presidência da República na Internet.

Marcelo Rebelo de Sousa refere que, enquanto "militante político e cívico", Gonçalo Ribeiro Telles "foi fundador do Centro Nacional de Cultura e integrou vários movimentos da oposição monárquica no antigo regime, tendo sido também um dos fundadores e o mais destacado dirigente do Partido Popular Monárquico (PPM)".

O Presidente da República acrescenta que Ribeiro Telles exerceu "diversos cargos governativos na área do ambiente, nomeadamente durante os governos provisórios em 1974 e 1975, mas principalmente nos da Aliança Democrática (AD), da qual foi fundador e deputado".

No seu entender, foi uma "figura determinante na consolidação e alternativa na democracia portuguesa".

"Como ambientalista com responsabilidades públicas, representou desde cedo, e durante décadas, uma consciência crítica esclarecida, contribuindo igualmente para importantes atos legislativos como a Lei de Bases do Ambiente ou a Lei do Impacto Ambiental, combates que prolongou na fundação de um partido ambientalista, o Movimento Partido da Terra (MTP)", considera.

"Pioneiro em Portugal das grandes questões que hoje, mais do que nunca, se mostram decisivas, homem de grande serenidade e de grandes convicções, é com emoção e saudade que me despeço de Gonçalo Ribeiro Telles, amigo de longa data, a cuja família envio sentidas condolências", escreve Marcelo Rebelo de Sousa.

Ferro Rodrigues

O presidente da Assembleia da República anunciou hoje que a bandeira do parlamento ficará simbolicamente a meia haste na quinta-feira pela morte de Gonçalo Ribeiro Telles e salientou o seu "imenso legado", em especial no domínio ambiental.

Gonçalo Pereira Ribeiro Telles, figura pioneira da arquitetura paisagista em Portugal, morreu hoje à tarde, na sua casa, em Lisboa.

"Ausente da vida pública há alguns anos, o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles deixa-nos hoje, aos 98 anos, uma notícia que muito me entristece. Tinha pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles a maior admiração e estima", escreve Ferro Rodrigues numa nota publicada na página oficial da Assembleia da República.

O presidente da Assembleia da República considera depois que o legado de Gonçalo Ribeiro Telles "é imenso".

"E é imensa a marca que, em 98 anos de uma vida intensa, nos deixa o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, na sua cidade de Lisboa e no país que tanto o admirava. Personificou, até ao seu falecimento, "A Utopia com os Pés na Terra" - título de uma obra que aborda, precisamente, o ideário de Ribeiro Telles. Os portugueses perdem hoje uma das suas grandes referências, em homenagem à qual a bandeira da Assembleia da República ficará amanhã [na quinta-feira], simbolicamente, a meia haste", adianta Ferro Rodrigues.

Na sua mensagem, Ferro Rodrigues refere que cresceu "a ouvir os seus ensinamentos" do arquiteto paisagista, os quais sempre reputou "da maior relevância".

"Desde muito jovem que acompanhei o seu percurso, especialmente após as grandes cheias de Lisboa, em novembro de 1967 - tragédia que tantas vidas ceifou, que [Oliveira] Salazar quis esconder e contra a qual Ribeiro Telles se insurgiu na televisão, apontando o desordenamento como causa direta do sucedido. Um momento que marca o início da minha vida política", revela o antigo secretário-geral do PS entre 2002 e 2004.

O presidente da Assembleia da República lembra depois que Gonçalo Ribeiro Telles "foi fundador do PPM (Partido Popular Monárquico), em representação do qual integra os I, II e III governos provisórios, como subsecretário de Estado do Ambiente, e o I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares, como secretário de Estado da mesma pasta".

"É intensa a atividade que aí inicia. Integrando a Aliança Democrática em 1979, é por esta eleito para a Assembleia da República nesse mesmo ano, e, novamente, em 1980 e em 1983. No parlamento, deixa uma marca inquestionável na Lei de Bases do Ambiente, na Lei da Regionalização, na Lei Condicionante da Plantação de Eucaliptos, na Lei dos Baldios ou na Lei da Caça", assinala Ferro Rodrigues.

O presidente da Assembleia da República menciona em seguida que o fundador do PPM, entre 1981 e 1983, integrou o VIII Governo Constitucional como ministro de Estado e da Qualidade de Vida.

"Afastado do PPM, regressa à Assembleia da República em 1985, como deputado Independente eleito nas listas do PS", completa.

Na perspetiva de Ferro Rodrigues, "foi graças ao arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles que, em Portugal, se começou a ouvir falar de paisagismo, de estrutura verde, de corredores ecológicos - ainda nos anos 50 e 60, muito antes destes temas se tornarem correntes, visionário que era e sempre foi".

"É graças ao arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles que Portugal dispõe hoje de uma rede, não tão integrada quanto o foi nos remotos anos 80, de áreas dedicadas à salvaguarda da estrutura ecológica e à proteção de solos - a Reserva Ecológica Nacional e a Reserva Agrícola Nacional. A assinatura do mestre da paisagem está um pouco por todo o lado: Dos Jardins da Fundação Calouste Gulbenkian (com Viana Barreto) ao Plano Verde de Lisboa, passando pelo corredor ecológico que liga Monsanto à Serra da Carregueira e à Serra de Sintra, ou pelo Jardim que projetou para a Expo'98", acrescenta o presidente da Assembleia da República.

Siza Vieira

O arquiteto Álvaro Siza Vieira lamentou hoje a morte de Gonçalo Ribeiro Telles, aos 98 anos, e lembrou-o como uma “grande personalidade” da sociedade portuguesa.

Em declarações à agência Lusa, e reagindo à morte do arquiteto paisagista, Álvaro Sizadisse que Ribeiro Telles é uma “grande figura”, e marcou “profundamente” o mundo da arquitetura paisagista em Portugal.

Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, cuja carreira também se destacou na cidadania, ecologia e na política, morreu hoje à tarde, em casa, em Lisboa, rodeado por familiares.

“Teve um enorme papel no planeamento do território, além da realização dos jardins”, sublinhou Álvaro Siza.

Casa da Arquitetura

O diretor da Casa da Arquitetura, em Matosinhos, disse hoje à Lusa que o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles teve um “papel fundamental” na colocação do planeamento e ordenamento territorial na “ordem do dia”.

Dizendo que a morte de Gonçalo Ribeiro Telles é uma “enorme perda” para o mundo da arquitetura e sociedade portuguesa e expressando o seu pesar, Nuno Sampaio referiu que, além de uma “grande referência” nesta área, era um homem de uma “enorme cultura e dimensão”.

Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, cuja carreira também se destacou na cidadania, ecologia e na política, morreu hoje à tarde, em casa, em Lisboa, rodeado por familiares, revelou à agência Lusa fonte próxima da família.

Para Nuno Sampaio, Ribeiro Telles colocou as questões do planeamento urbano e territoriais “como ninguém" na sociedade civil.

Por isso, o diretor da Casa da Arquitetura considerou que este teve um “papel fundamental” no entendimento que a sociedade tem hoje do ordenamento e planeamento.

“Conseguiu colocar estas preocupações à sociedade numa época em que estes temas eram poucos discutidos”, vincou.

O Livre

O Livre lamentou hoje a morte do arquiteto e fundador do PPM Gonçalo Ribeiro Telles, acreditando que “o seu pensamento ecologista perdurará” e que a luta por um meio ambiente mais sustentável deixa “inúmeros herdeiros”.

“Ribeiro Telles partiu mas o seu pensamento ecologista perdurará”, pode ler-se na nota de pesar do Livre, enviada às redações.

Destacando o seu percurso enquanto “figura pioneira do movimento ecologista em Portugal”, o partido da papoila lembrou que “Ribeiro Telles ajudou a escrever com Fernando Santos Pessoa e outras figuras” o nº1 do artigo 66 da Constituição Portuguesa, que estabelece que “todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender”.

“Ribeiro Telles partiu mas o seu pensamento, bem ilustrado neste artigo da Constituição, perdurará, e a sua luta por um meio ambiente mais sustentável e equilibrado deixa inúmeros herdeiros em Portugal”, adiantaram.

O partido recordou ainda a “importância que a criação da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Reserva Agrícola Nacional (RAN) tiveram para a modernização do ordenamento do território, em Portugal, lamentando a forma como estes importantes instrumentos foram sendo desconstruídos em governos posteriores”.

PPM

O PPM manifestou a sua dor pelo falecimento do fundador Gonçalo Ribeiro Telles, "um homem à frente do seu tempo" cujas ideias prometem não deixar morrer, apelando aos partidos parlamentares para assinalarem condignamente o nome deste visionário.

"O PPM vem por este meio manifestar a sua dor pelo falecimento do fundador, Gonçalo Ribeiro Telles, antigo Subsecretário de Estado do Ambiente e Ministro de Estado e da Qualidade de Vida", pode ler-se numa nota enviada à agência Lusa pelo presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira.

De acordo com o partido, "quando, em 1974, juntamente com outros nomes, Gonçalo Ribeiro Telles tomou a decisão de corajosamente assumir a criação de um partido Monárquico, com princípios inovadores para altura - e que hoje tantos se aproveitam - como a Ecologia, era já um homem à frente do seu tempo".

"Visionário como arquiteto paisagístico, não deixou de o ser também no campo da Política quando, em 1979, esteve na formação daquele que foi o primeiro governo de maioria absoluta em Portugal após o 25 de Abril", elogia.

Segundo o PPM, a Aliança Democrática (AD), do qual foi um dos líderes juntamente com Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas de Amaral, "é ainda hoje um modelo de garantia de democracia, estabilidade e progresso em Portugal", dando o exemplo da recente solução governativa nos Açores.

"Por o PPM manter ainda a mesma identidade política que esteve na sua formação, com a defesa da democracia e a ecologia, o falecimento de Gonçalo Ribeiro Telles é, para nós, a triste constatação da mortalidade dos homens, mas a firme convicção de que as suas ideias não morrem com eles", frisa.

Assim, e não estando representado na Assembleia da República, o PPM "apela aos demais partidos que não deixem de assinalar condignamente o nome deste grande homem da democracia".

João Mário Grilo

O realizador João Mário Grilo, que dirigiu o documentário "A Vossa Terra - Paisagens de Gonçalo Ribeiro Telles", lamentou hoje a morte do arquiteto paisagista, considerando que tinha “um sentido cosmológico e ontológico” para a existência humana.

Figura “tutelar para todos os portugueses”, com “uma obra perene que ficará para sempre”, João Mário Grilo lamentou, em declarações à agência Lusa, a morte do arquiteto paisagista, a quem dedicou e com quem trabalhou no documentário "A Vossa Terra - Paisagens de Gonçalo Ribeiro Teles", que estreou em 2016, no festival de cinema IndieLisboa.

“Espero que a forma como nos dava a conhecer a natureza e a relação que sempre manteve com ela perdure acima de todas as raivas que com ela fomos, entretanto, criando”, sublinhou o cineasta.

João Mário Grilo, em declarações à Lusa, sublinhou a ideia de natureza defendida por Ribeiro Telles: “Um lugar fluído, de passagens e não de fechamentos”.

É também uma ideia “democrática, fundamental para a sobrevivência humana, e holística”, reforçou o realizador de "Não Esquecerás".

“Era um estoico”, frisou o cineasta, afirmando esperar que a morte do arquiteto “seja o princípio da consciência de que a ecologia é algo que tem de ser praticado por todos nós".

“Este é um dia muito triste para todo o país”, pois morreu o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles “uma daquelas figuras que ninguém sonha que possa desaparecer, ainda que se saiba que isso tem de acontecer um dia”, observou.

Que "a visão e a obra do arquiteto se imponham a gerações futuras como a defendeu e tentou que não fosse tomada por interesses que são terríveis e nunca fizeram bem a ninguém”, prosseguiu.

Para o realizador, o arquiteto paisagista é também uma “figura lendária remotamente ligada à sua infância”, pois cresceu junto ao parque das Abadias, na Figueira da Foz, que Ribeiro Telles desenhou. Uma figura para si tão importante como o arquiteto Raul Lino, que projetou a escola que frequentou nessa cidade, e sobre o qual também realizou o documentário “A Vossa Casa”, em 2012.

"Os dois trabalhos foram, de certa forma, o modo como prestei homenagem a duas figuras que moldaram a minha paisagem física e emocional”, disse à Lusa.

Do que viu e leu sobre Ribeiro Telles para realizar “A Vossa Terra”, qualificando-o como um “encontro com a palavra”, João Mário Grilo frisou ter sido com o arquiteto que aprendeu que a natureza “não é um sítio fechado, mas um local de passagens”.

Uma ideia que “durante muito tempo alimentou o cinema, e que, curiosamente, acabei por aprender com um arquiteto”, concluiu.

Quercus

A associação ambientalista Quercus apontou o arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles como “uma inspiração”, manifestando-se empenhada em mudar políticas públicas para honrar a sua memória.

“O arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles foi um visionário com extrema sensibilidade e consciência cívica, técnica e ambiental”, afirmou a vice-presidente da Quercus, Alexandra Azevedo, numa declaração enviada à agência Lusa.

No entanto, há “vários retrocessos em muitas políticas públicas, agravados pelas práticas instaladas que desvirtuam” o que Ribeiro Telles deixou ao país, como a criação da figura das reservas ecológicas e das reservas agrícolas.

“É imperioso que o seu legado perdure face à dimensão da mudança necessária”, refere Alexandra Azevedo, que destaca a pandemia da covid-19 como “um momento para repensar e não adiar o inevitável: a regeneração do território”.

A responsável da associação Quercus considera que depois dos incêndios de 2017, “intensificou-se uma cultura arboricida, a agricultura química intensiva avança sem respeito por elementares regras de ordenamento do território e o arvoredo urbano é mutilado e sacrificado um pouco por todo o país”.

GEOTA

A associação ambientalista GEOTA lamentou a morte do arquiteto Ribeiro Telles, que considerou um pioneiro nas questões do ambiente e o “pai do processo de ordenamento do território”.

Ouvido pela Agência Lusa o presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), João Dias Coelho, disse que hoje é um dia triste para os ambientalistas e arquitetos paisagistas e lembrou o papel fundamental de Ribeiro Telles na criação da Reserva Ecológica Nacional e da Reserva Agrícola Nacional.

João Dias Coelho lembrou também a Constituição da República Portuguesa, que no artigo 66 (sobre ambiente e qualidade de vida), tem “a mão” do arquiteto, ou depois a criação das “hortas” na cidade de Lisboa, para dizer que Gonçalo Ribeiro Telles tinha a capacidade de “antecipar muitas das questões de hoje”.

Era “obviamente alguém especial”, que “pautou toda a sua vida por uma correção, por uma elegância, por um conhecimento e por uma transmissão de conhecimento e de experiência que a todos nos fascinou”, disse o presidente do GEOTA.

Joanaz de Melo, também da direção do grupo ambientalista, recordou Ribeiro Telles com um dos grandes “precursores das preocupações da área do ambiente em Portugal” e das primeiras pessoas, ainda durante o Estado Novo, a manifestar-se publicamente pela necessidade de ordenamento do território.

“Foi pioneiro numa série de matérias, como o lançamento da Reserva Ecológica nacional”, e debateu-se “pela criação dos serviços públicos na área do ambiente e do sistema nacional de áreas protegidas”, acrescentou Joanaz de Melo.


O Governo decidiu decretar um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte do arquiteto paisagista e fundador do PPM (Partido Popular Monárquico), Gonçalo Ribeiro Telles.