“Peço a todas as partes que forneçam imediatamente garantias concretas para assegurar pausas humanitárias para a campanha de vacinação”, disse Guterres à imprensa, depois do vírus ser detetado em amostras de esgoto na Faixa de Gaza.
De acordo com a ONU, o território estava livre da doença há 25 anos.
“É impossível realizar uma campanha de vacinação contra a poliomielite com guerras em todos os lugares”, disse ainda, antes de insistir: "uma pausa na poliomielite é necessária".
Este apelo já tinha sido feito anteriormente pela Organização Mundial da Saúde e a Unicef para pausas humanitárias de “7 dias” em duas campanhas de vacinação.
As agências disseram num comunicado que essas campanhas devem ser realizadas no final de agosto e em setembro em toda a Faixa de Gaza para “evitar a disseminação da variante atualmente em circulação” conhecida como cVDPV2.
O vírus da poliomielite foi detetado em julho em amostras de esgoto de Khan Yunis e Deir el-Balah, lembram as duas agências da ONU.
Desde então, três crianças com suspeita de paralisia flácida aguda, um sintoma comum da poliomielite, foram registadas em Gaza.
As suas amostras de fezes foram enviadas ao laboratório nacional de poliomielite na Jordânia para análise.
As duas agências da ONU esperam vacinar mais de 640 mil crianças com menos de dez anos de idade.
Mais de 1,6 milhão de doses da vacina nOPV2, usada para interromper a transmissão do cVDPV2, vão chegar à Faixa de Gaza até o final de agosto, de acordo com o comunicado à imprensa.
As vacinas serão administradas por 708 equipas, incluindo hospitais e centros de saúde em todos os municípios de Gaza.
A ONU enfatiza que a cobertura de vacinação deve ser de pelo menos 95% em todas as campanhas para evitar a disseminação da poliomielite, “uma vez que os sistemas de saúde, água e saneamento estão gravemente prejudicados” no pequeno território palestiniano.
Mas isso também requer dinheiro, combustível e redes telefónicas e de internet em funcionamento para informar a população, bem como “a entrada de especialistas em poliomielite” no território palestino devastado pela guerra, lembrou Guterres.
A poliomielite, uma ameaça generalizada há apenas quarenta anos, que pode causar paralisia irreversível em horas, desapareceu em grande parte do mundo graças às vacinas.
A poliomielite “não respeita linhas demarcatórias”, insistiu Guterres, enfatizando a ameaça “não apenas às crianças palestinianas em Gaza, mas também nos países vizinhos e na região”.
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