O anúncio foi feito numa conferência de imprensa em Paris pelo diretor de operações da SOS Méditerranée, Frédéric Penard, segundo o qual, após a decisão do Panamá de retirar o pavilhão ao navio, este é o único lugar que permite gerir a nova situação.

“Não temos outra opção senão dirigir-nos para o único sítio onde o SOS pode trabalhar nestas condições totalmente críticas”, sublinhou Penard, recordando que se encontram atualmente no Aquarius 58 pessoas resgatadas, entre as quais 17 mulheres, uma delas grávida. A maior parte serão cidadãos líbios que fogem aos violentos combates entre milícias que têm sido travados em Trípoli, no mais sangrento conflito desde o início da guerra civil em 2014, disse à agência Efe, Aloys Vimard, porta-voz da ONG Médicos Sem Fronteiras, corresponsável do Aquarius.

Este é único navio de resgate civil atualmente a operar no Mediterrâneo central, considerada a rota migratória mais letal do mundo.

“Das 58 pessoas que resgatámos, 37 são líbias, famílias que fugiram. Estamos impressionados, é a primeira vez que o número de líbios supera o de outras nacionalidades”, disse, numa conversa telefónica.

Mais de 100 pessoas foram mortas e mais de meio milhar ficaram feridas, a maioria civis, nos combates que, desde 27 de agosto, envolvem milícias contrárias e favoráveis ao Governo do Acordo Nacional (GNA) apoiado pela ONU em Trípoli.

Os confrontos intensificaram-se ao longo deste fim de semana, apesar do acordo de cessar-fogo mediado pela ONU a 5 de setembro, e envolveram várias milícias das cidades vizinhas de Misrata e Zintán.

Especialistas internacionais e analistas locais concordam que a sua extensão e violência confirmam que a GNA é incapaz de controlar as milícias que dividem a capital e a costa norte do país, e que, ao contrário do que a Europa proclama, a Líbia não é um porto seguro.

Vimard denunciou que os obstáculos políticos, económicos e jurídicos ao trabalho das ONG no Mediterrâneo se multiplicaram nos últimos meses e salientou que “a guarda costeira da Líbia não está preparada” nem tem “capacidade para fazer este trabalho”.

Nos últimos meses, os navios de resgate civis foram forçados a retirar-se da chamada “rota central”, acossados pela Guarda Costeira da Líbia e pelas pressões da União Europeia e do Governo italiano.

No domingo, as duas ONG responsáveis pelo Aquarius acusaram o Governo italiano de pressionar o Panamá a retirar o seu pavilhão ao navio.

“Esta situação condena centenas de homens, mulheres e crianças, que buscam desesperadamente segurança, à morte no mar; e é um forte golpe contra o trabalho do Aquarius, a única embarcação de busca e resgate não-governamental ainda ativa no Mediterrâneo Central”, alertam as ONG num comunicado.

Segundo o Panamá, a principal queixa das autoridades italianas é que “o capitão do navio se recusou a devolver os migrantes e refugiados ao local de origem”.

Desde junho, devido à decisão do ministro do Interior transalpino, Matteo Salvini, que encerrou os portos italianos aos migrantes, o Aquarius está proibido de atracar nos portos de Itália.

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