Os comentários de Qin Gang ocorreram no final de um discurso que enfatizou a contribuição da China para a economia global e os interesses das nações em desenvolvimento, no qual ele elogiou repetidamente a Iniciativa de Segurança Global, promovida pelo Presidente chinês, Xi Jinping.
A iniciativa visa construir uma “arquitetura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável”, ao “abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais”. Em particular, a proposta chinesa opõe-se ao uso de sanções no cenário internacional.
Trata-se de mais uma iniciativa da China para posicionar o seu sistema político de partido único, com ênfase na estabilidade social e crescimento económico, como alternativa à abordagem liberal ocidental, que define amplamente as relações internacionais.
No final do discurso, proferido em Xangai, a “capital” económica da China, Qin voltou-se para a “questão de Taiwan”, usando termos mais duros do que os diplomatas chineses normalmente empregam.
“A salvaguarda da soberania nacional e da integridade territorial é irrepreensível”, disse.
“A questão de Taiwan está no cerne dos interesses centrais da China. Nunca recuaremos perante qualquer ato que prejudique a soberania e a segurança da China”, afirmou. “Aqueles que brincam com o fogo na questão de Taiwan vão-se queimar”, advertiu.
No final da Segunda Guerra Mundial, Taiwan integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, no continente chinês, comunista.
O território realizou reformas democráticas nos anos 1990 e é hoje uma das mais vibrantes democracias no leste da Ásia. Mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.
Nos últimos anos, a China tem enviado caças e navios de guerra para perto do território com frequência quase diária. Há duas semanas, o Exército chinês realizou quatro dias de intensos exercícios militares em torno de Taiwan, que incluíram a simulação de um bloqueio da ilha.
A China disse que os exercícios foram concebidos como um “sério aviso” para os políticos pró – independência da ilha autónoma e os seus apoiantes estrangeiros.
Embora mantenha relações diplomáticas oficiais com apenas 13 estados soberanos, Taiwan mantém fortes laços com a maioria das nações importantes, incluindo os Estados Unidos.
O ritmo acelerado da atividade militar e a linguagem cada vez mais belicosa suscitaram preocupações sobre um possível conflito numa das regiões economicamente mais vitais do mundo.
Taiwan produz muitos dos ‘chips’ semicondutores necessários para o fabrico de produtos eletrónicos e o Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental, é uma das vias navegáveis mais movimentadas do mundo.
Taiwan vai eleger um novo presidente e parlamento em janeiro. A China é fortemente favorável ao Partido Nacionalista (Kuomintang), atualmente na oposição. O Partido Nacionalista apoia a unificação política entre os lados, sob termos ainda a serem definidos.
As autoridades taiwanesas e norte-americanas dizem que a China está a usar a sua influência económica e campanhas de desinformação para reforçar a sua posição, mas a maioria dos inquéritos demonstram que a população de Taiwan apoia a manutenção do ‘status quo’ de uma independência de facto do território.
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