"Dada a excomunhão e a expulsão da vida consagrada, as dez freiras não têm nenhum título legal para permanecer nos mosteiros e edifícios anexos, portanto terão de deixá-los", disse D. Mario Iceta numa conferência de imprensa na cidade do norte de Espanha, dois dias após a excomunhão oficial das freiras.

"Se não houver saída voluntária num futuro próximo, os serviços jurídicos não terão outra escolha a não ser iniciar uma ação legal", advertiu o arcebispo, sem dar um prazo às freiras.

"Não estabelecemos um prazo, um prazo prudencial, não queremos agir precipitadamente, queremos ser muito respeitosos e esperamos que elas percebam que, como não são mais freiras, não pertencem aos mosteiros e não deveriam estar naquele lugar", acrescentou.

As dez irmãs vivem no convento de Santa Clara na cidade de Belorado, um local do século XV no coração de um povoado de 1.800 habitantes a 50 quilómetros de Burgos.

As religiosas decidiram em meados de maio abandonar a Igreja e colocar-se sob a autoridade de um sacerdote excomungado, Pablo de Rojas Sánchez-Franco.

O assunto eclodiu num contexto de disputa pela propriedade e acusações de pertença a uma seita.

Fundador da "Pia União de São Paulo Apóstolo", Pablo de Rojas Sánchez-Franco foi excomungado da Igreja Católica em 2019 e afirma pertencer ao "sedevacantismo", movimento que considera hereges todos os papas que sucederam Pio XII (1939-1958).

Foi a anulação da compra de um convento no País Basco espanhol que desencadeou o conflito. Em 2020, as freiras chegaram a um acordo com o bispado vizinho de Vitória para comprar o convento de Orduña, mas a venda acabou por fracassar. A transação foi "bloqueada por Roma", disseram as religiosas, que também afirmam ser perseguidas pela sua hierarquia.

No início de junho, o arcebispo de Burgo, a quem o Vaticano pediu que tratasse do assunto, enviou vários representantes, acompanhados de um agente judicial, para exigir, em vão, a entrega das chaves do convento.