"Não havia razão nenhuma antes, como não há hoje, para a Comissão Europeia ameaçar o país, particularmente depois da saída do livro em que o senhor Hollande anunciou que tinha assumido um compromisso com o senhor Juncker e com o senhor Barroso para adulterar as contas e para, neste caso concreto, enganar a União Europeia (UE)", disse.
"Todos nós sabemos que não se engana a UE, que a UE, neste caso, foi cúmplice de um processo de fraude e, sobretudo, de manipulação e eu diria até de outra maneira: de martelada das contas, para favorecer os grandes em prejuízo dos pequenos [países] ", acrescentou o dirigente da CGTP, que falava à agência Lusa depois de participar num plenário de trabalhadores da Ação Social das Forças Armadas, no Arsenal do Alfeite, em Almada, distrito de Setúbal.
Questionado sobre a decisão da União Europeia de não apresentar qualquer proposta de suspensão de fundos a Portugal, Arménio Carlos disse que a União Europeia se viu obrigada a aceitar o Orçamento de Estado de Portugal para 2017, mas considerou que não desiste de tentar impedir a reversão de políticas.
"A UE, sendo obrigada a aceitar o orçamento tal como ele foi apresentado, está mais uma vez a tentar pressionar o Governo português para impedir que a reversão da política [do anterior governo] seja concretizada, mas, acima de tudo, para limitar ou condicionar que outras medidas mais avançadas sejam tomadas", disse.
Para o dirigente da CGTP, a União Europeia pretende impedir que o governo português concretize outras medidas "mais avançadas" na reposição de direitos dos trabalhadores, designadamente o "aumento dos salários dos trabalhadores da administração pública, o desbloqueamento das carreiras profissionais, a melhoria das pensões de reforma e, até, aquilo que se relaciona com a necessidade de revogação de algumas normas gravosas da legislação laboral".
"Estou a lembrar-me da norma da caducidade [da contratação coletiva], que tem de ser expurgada da legislação e da reintrodução do princípio do tratamento mais favorável [para os trabalhadores], que tem de ser consagrado", disse.
"Em síntese, a União Europeia continua a fazer o seu papel: dócil e, sobretudo, submissa aos países que têm mais poder. E depois fala forte e procura ‘bater’ naqueles países que têm menos poder, como é o caso de Portugal", concluiu.
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