Neste episódio do podcast Um Género de Conversa, fala com Patrícia Reis e Paula Cosme sobre o lado tentacular do racismo e a importância de mais equidade no de lugar de fala feminino: “Uma das grandes questões é o facto de não sermos escutadas. As mulheres negras não são inimigas, não são sexualizadas, lutam apenas pelo seu lugar no mundo”. Uma luta que, infelizmente, ainda é distinta.

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Ouça aqui a conversa com Yasmin Morais

O patriarcado como uma boa estratégia de dominação tem perdurado ao longo dos séculos por conta das suas micro e macro estratégias. Uma das macro sempre foi separar as mulheres em classes. Quanto mais se estratifica uma classe oprimida, considerando as mulheres como classe oprimida, mais fácil é dominá-la. Quanto mais identidades se vão criando mais cercos se criam”, reflete Yasmin Morais, que aos 22 anos de idade é já uma escritora premiada, além de atriz multifacetada, estudante de jornalismo e ativista social.

“As mulheres brancas percecionam-se superiores às mulheres negras, de uma forma nem sempre inconsciente. A sociedade, a indústria cultural, as tabelas de salário, tudo diz isso. Elas recebem mais, têm uma vida mais cómoda e o comodismo fá-las esquecer que os indivíduos que as estão oprimindo não são as mulheres negras, são os indivíduos que elas concebem como seus aliados, ou seja, os homens brancos. Seguimos como inimigas porque temos um histórico de colonialismo e opressão. No fim, quem beneficia disso?”, questiona.

Aluna da Universidade Federal da Bahia, vive atualmente em França, onde realiza um intercâmbio com a Universidade de Toulouse. Reconhece que as mulheres negras são a sua fonte de inspiração, reflexão e investigação, e é sobre as dificuldades estruturais que estas enfrentam que se debruça nestes 50 minutos de conversa. A realidade do Brasil é o seu ponto de partida: “Muitas pessoas alimentam os estereótipos da sexualização e da ignorância. Por exemplo, ainda bem recentemente um candidato presidencial disse que as pessoas faveladas e pessoas negras não podiam compreender o que ele dizia”.