Inês Pedrosa fez 60 anos de idade este ano e isso mudou algumas coisas, entre elas a forma como entende os seus dias. Premiada e estudada dentro e fora do país, dedicou-se de corpo e alma a vários projetos, entre eles a casa Fernando Pessoa, da qual foi diretora durante seis anos. Gosta de perceber e comentar o mundo e, por isso mesmo, assume uma intervenção pública, e política, há muitos anos.

No Twitter, rede social que “adora”, tem milhares de seguidores. “Tenho de me organizar para não passar lá a vida. Gosto de estar atualizada e preciso de estar por razões profissionais. O Twitter tem informação muito em cima do momento”. E acrescenta: “Bloqueio gente com facilidade, tenho um Gulag já bonzinho, quase cinco mil pessoas. No início era só se me insultassem muito, hoje basta insultarem alguém. ‘Ah, o Lula é corrupto’, pronto, direto para o Gulag”.

Ouça aqui a conversa com Inês Pedrosa

Além da sua participação semanal no programa de debate de atualidade “O Último Apaga Luz”, a escritora dedica o seu tempo à escrita, mas não tem ilusões. “Ninguém pode viver disso nos dias que correm. Houve uma época em que pensei que podia viver da escrita, o Fazes-me Falta fez-me acreditar nisso. Vendeu aqui quase 200 mil exemplares. Comprei uma casa. Depois, em 2005, a ilusão terminou. As redes sociais mudaram tudo. Na praia está tudo agarrado a ver o que um ou outro diz no Facebook”.

Nestes cinquenta minutos de conversa, aborda temas como o machismo, a pertinência do feminismo, a diferença entre os escritores homens e as mulheres, o que aprende nos romances e como aprendeu, tarde, a dizer que não. “Em Portugal o que é giro é ter ultrapassado o feminismo. Dizer: eu nunca fui discriminada. Há muito este discurso. As mulheres dos 60 aos 30 que dizem ser feministas não são consideradas como as que dizem que isso está ultrapassado. Não está. Há umas mulheres que vivem na brecha. O machismo tem sempre uma brecha. Não se dá atenção a estas mulheres porque estão a pôr em causa o brilho e excelência dos homens e dizem que merecem ser reconhecidas e bem pagas e ter o mesmo êxito social que eles têm”.

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