Ao todo, são previstas dezenas de milhares de pessoas no encontro das "sardinhas", destinado tanto a batalhar o clima de xenofobia que se tem espalhado em Itália como a protestar contra Matteo Salvini, líder de extrema-direita responsável por duras políticas de imigração na anterior legislatura.

Para este sábado os organizadores receberam mais de 100.000 adesões no Facebook e as autoridades deram permissão para um evento na lendária Praça San Giovanni.

O movimento espontâneo, que não deseja vínculos com qualquer partido, foi criado por quatro jovens desconhecidos, indignados com a linha política de Salvini de ódio e exclusão.

Inesperadamente, o movimento conseguiu reunir em tempo recorde, em meados de novembro, 15.000 pessoas na praça central de Bolonha, ao mesmo tempo que o líder da extrema-direita reunia 5.000 militantes num estádio desta cidade, reduto histórico da esquerda.

A reunião de Salvini serviu para apoiar Lucia Bergonzoni, candidata da Liga, partido de Salvini, que se pretende aliar nas próximas eleições regionais, marcadas para 26 de janeiro, ao partido de extrema-direita Irmãos de Itália e ao Força Itália de Sílvio Berlusconi.

Hoje, trata-se de verdadeiro fenómeno que, com o nome do pequeno peixe habituado a movimentar-se em grupos apertados, e sem bandeiras, se espalhou por todo o país e encara sem medo um dos tubarões da política italiana. Desde então foram organizadas manifestações em cidades como Milão, Turim e Florença, Rimini, Parma, Perugia, Sorrento, Nápoles, Palermo e Bari.

A música 'Bella Ciao' — com renovada popularidade graças à série espanhola antissistema Casa de Papel — tem sido o canto de guerra dos milhares que se tem juntado nestes protestos.

"Somos antifascistas, estamos a favor da igualdade e, portanto, contra a intolerância, a favor da diversidade de género e, portanto, contra a homofobia", afirmou à AFP Mattia Santori, um investigador universitário, com quatro empregos, de 32 anos e um dos fundadores.

Santori disse que a marcha de hoje — de certa forma um contraponto à famosa "marcha sobre Roma" que permitiu ao partido fascista de Benito Mussolini subir ao poder em 1922 — é um "desafio" aos romanos para mostrar as suas credenciais democráticas.

Protestando também contra as alterações climáticas, a situação de pobreza no país e à máfia, Santori diz que as "sardinhas" pretendem ter "uma nova energia que é mais livre e espontânea" que um partido político.

Neste momento, as sondagens para as eleições regionais apontam para um empate entre os candidatos da Liga e os do Partido Democrático, que governa neste momento o país em coligação com o Movimento 5 Estrelas.