Antes de entrar para a missa em memória das vítimas, que decorreu esta manhã em Castanheira de Pera, no distrito de Leiria, a dirigente centrista referiu que continua “a ouvir a palavra de que as pessoas se sentem abandonadas”.
Salientando que participou na cerimónia religiosa para “mostrar solidariedade e pesar para com todas as famílias das vítimas”, Assunção Cristas frisou: a tragédia de há dois anos “é uma dor do país, que nós não esquecemos”.
No entanto, a presidente do CDS-PP disse que gostaria que “mais tivesse sido feito [nos territórios afetados], nomeadamente a criação de um verdadeiro estatuto de benefícios fiscais para o interior do país “.
“Vamos continuar a batalhar por isso, hoje que também se relembra o risco da desertificação. Acreditamos que mais deve ser feito para que o sentimento de abandono no interior do país seja erradicado”, afirmou.
A líder centrista recusou-se a comentar algumas questões relacionadas com o processo de revitalização dos concelhos afetados pelos incêndios de 2017, por “hoje não ser o dia para fazer essa avaliação”.
O incêndio que deflagrou há dois anos em Pedrógão Grande e que alastrou a concelhos vizinhos provocou a morte de 66 pessoas e 253 feridos, sete dos quais graves, e destruiu cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
Mais de dois terços das vítimas mortais (47 pessoas) seguiam em viaturas e ficaram cercadas pelas chamas na Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no interior norte do distrito de Leiria, ou em acessos àquela via.
As chamas, que eclodiram pelas 14:00 de 17 de junho de 2017, foram extintas passado uma semana (24 de junho), depois de, em 20 de junho, se terem juntado ao fogo que, cerca de dez minutos depois do início daquele incêndio, no concelho de Pedrógão Grande (em Escalos Fundeiros), deflagrou no município de Góis (distrito de Coimbra), em Fonte Limpa.
Cerca de 53 mil hectares de território, 20 mil hectares dos quais de floresta, sobretudo dos municípios de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria, de Góis, Penela e Pampilhosa da Serra (Coimbra) e da Sertã (Castelo Branco), e ainda de Alvaiázere e de Ansião (Leiria), de Arganil (Coimbra) e de Oleiros (Castelo Branco), foram atingidos por estes fogos.
Além de terem destruído total ou parcialmente mais de meio milhar de casas, 264 das quais habitações permanentes, cerca de 200 habitações secundárias e mais de cem casas devolutas, de acordo com dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), as chamas também atingiram quase meia centena de empresas, afetando os empregos de quase 400 pessoas.
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