O quasar P172+18, formado quando o Universo tinha 780 milhões de anos (o Universo terá 13,8 mil milhões de anos), não é o mais distante dos quasares descobertos, mas a novidade, segundo o Observatório Europeu do Sul (OES), que opera um dos telescópios com que foram feitas as observações em detalhe do objeto, é que é "a primeira vez que os astrónomos conseguiram identificar sinais de jatos rádio num quasar tão primordial".
"Apenas cerca de 10% dos quasares — os que emitem fortes ondas de rádio — têm jatos que brilham intensamente nas frequências rádio", adianta em comunicado o observatório, do qual Portugal é um dos países-membros.
Os quasares são alimentados por buracos negros (corpos que não refletem luz) com massa muito superior à do Sol. À medida que consomem o gás que os rodeia, os buracos negros libertam energia, permitindo assim aos astrónomos detetá-los, esclarece o OES.
O P172+18 é alimentado por um buraco negro que replica 300 milhões vezes a massa do Sol.
"O buraco negro está a consumir matéria muito depressa, crescendo em massa a uma das taxas mais elevadas que alguma vez observámos", refere, citada no comunicado, a astrónoma Chiara Mazzucchelli, bolseira do OES e que coliderou a investigação.
Os astrónomos pensam que "existe uma ligação entre o rápido crescimento de buracos negros supermassivos e jatos rádio poderosos descobertos em quasares como o P172+18".
"Pensa-se que os jatos poderão perturbar o gás que circunda o buraco negro, aumentando a taxa à qual o gás é capturado", acrescenta o Observatório Europeu do Sul, realçando que o estudo de quasares com forte emissão de ondas de rádio pode "fornecer pistas importantes sobre como é que os buracos negros no Universo primordial cresceram tão rapidamente para tamanhos supermassivos após o Big Bang" (teoria da formação do Universo).
Os autores do trabalho, publicado na revista da especialidade The Astrophysical Journal, julgam que o quasar P172+18 "pode ser o primeiro de muitos" a serem descobertos, talvez a distâncias ainda maiores, com o radiotelescópio ALMA, também no Chile, e o futuro telescópio ELT, o maior telescópio ótico do mundo que está a ser construído neste país e que tem participação portuguesa.
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