O ministro marfinense do Interior, Hamed Bakayoko, disse que há quatro estrangeitos entre as vítimas fatais e que, entre eles, "identificamos uma de nacionalidade francesa e uma alemã". O grupo Al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI) terá reivindicado este ataque ao resort, de acordo com o SITE, organização americana que monitoriza a movimentação das páginas islamitas na Internet.
O AQMI destacou que os seus "três heróis" cometeram o ataque e prometeu dar detalhes da operação mais tarde, relatou o SITE. "Pela graça de Alá e pelo sucesso por Ele concedido, três heróis dos cavaleiros da Al-Qaeda al-Jihad no Magreb Islâmico conseguiram atacar o resort turístico 'Grand-Bassam', situado a leste da cidade de Abidjan, na Costa do Marfim", diz o comunicado da AQMI publicado pelo Grupo de Inteligência SITE.
Os agressores avançaram a partir da praia e abriram fogo de maneira indiscriminada, segundo várias testemunhas. Uma delas disse que um deles gritava "Alá Akhbar!" (Deus é grande). "O balanço é duro. Os terroristas conseguiram matar 14 civis, e perdemos dois membros das forças especiais", declarou o presidente Ouattara, que foi ao local da tragédia, acrescentando que seis agressores foram mortos. "As operações de busca continuam, o hotel está protegido", disse uma fonte policial à AFP.
O presidente francês, François Hollande, condenou "vivamente este cobarde atentado", que causou a morte de "pelo menos um francês entre (mais de) uma dezena de civis". "A França prestou apoio logístico e de Inteligência à Costa do Marfim (...) continuará e intensificará a cooperação com os seus aliados na luta contra o terrorismo", diz a nota divulgada pela Presidência.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Marc Ayrault, e o seu colega do Interior, Bernard Cazeneuve, irão terça-feira a Abidjan manifestar a solidariedade de França, de acordo com uma nota divulgada pelas suas assessorias. Jean-Marc Ayrault denunciou um atentado que tinha como alvo "acima de tudo a África". "A maioria das vítimas são africanos da Costa do Marfim, ou de países vizinhos. É, então, a África que é um alvo, que é, de novo, alvo do terrorismo", declarou.
O Ministério Público de Paris anunciou a abertura de uma investigação sobre o ataque. O procedimento é normal, já que uma das vítimas é cidadã francesa.
Granadas e fuzis
Os agressores "fortemente armados e encapuzados dispararam contra hóspedes do Etoile du Sud, um grande hotel cheio de expatriados neste período de calor", comentou uma testemunha entrevistada pela AFP. "Estávamos na praia, ouvimos disparos e vimos gente a fugir. E aí demo-nos conta de que era um ataque", contou Braman Kinda, mostrando fotografias de sete corpos estendidos na praia. Segundo ele, os agressores eram quatro - o governo fala em seis - que "caminhavam e iam disparando pela praia".
Abas El Roz, um libanês hospedado no Etoile du Sud, contou que um deles levava uma Kalashnikov e um cinturão de granadas. O ataque provocou aglomerações na ponte que separa a cidade moderna da zona turística atacada, o bairro França, à entrada da Cidade Velha. Segundo um jornalista da AFP no local, várias pessoas foram retiradas, entre elas uma ocidental ferida. Veículos militares equipados com metralhadoras pesadas dirigiam-se para a região. O Exército controla todas as pessoas que deixam a área.
Grand-Bassam é uma cidade histórica e ex-capital da Costa do Marfim, na costa do Golfo da Guiné. Abriga vários hotéis frequentados por uma clientela internacional. Outras cidades africanas foram alvo de atentados recentemente. Em 15 de novembro do ano passado, um atentado contra um restaurante de Uagadugu, capital do Burkina Faso, deixou 30 mortos, na sua maioria estrangeiros. A autoria do ataque foi reivindicada pelo AQMI. O Mali também sofreu um ataque em 20 de novembro, no qual 20 pessoas morreram, entre elas 14 estrangeiros.
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