Essa medida “é uma atitude indigna de submissão perante a Igreja Católica”, disse o presidente da AAP, Carlos Esperança, à agência Lusa.
O dirigente ateísta rejeitou ainda “a caução que, de certo modo, está a ser feita pelas entidades públicas a uma encenação que começou por ser contra a República”, numa alusão ao fenómeno registado em Fátima, concelho de Ourém, entre maio e outubro de 1917, e que a Igreja veio a classificar como aparições da Virgem Maria a três crianças — Lúcia, Jacinta e Francisco — que apascentavam ovelhas.
Em 1930, as alegadas aparições “passaram a ser contra o comunismo e, depois da implosão da União Soviética, contra o ateísmo”, salientou Carlos Esperança.
“Esta encenação pia tem tido a colaboração de autarquias que sofrem ataques de fé e proselitismo em anos eleitorais”, criticou.
Para o presidente da AAP, a concessão de tolerância de ponto nos serviços públicos a 12 de maio, dia em que o papa Francisco chega a Portugal para o centenário das chamadas aparições de Fátima, põe em causa “a letra e o espírito da Constituição da República” e constitui “uma traição à separação entre as igrejas e o Estado”.
Carlos Esperança criticou ainda os autarcas que organizam excursões a Fátima, sobretudo com idosos e em ano de eleições locais, “com transportes e vitualhas” pagos por câmaras municipais e juntas de freguesia, “só com a bênção a cargo das autoridades eclesiásticas”.
O papa Francisco visita Fátima, a 12 e 13 de maio, para canonizar os dois pastorinhos Jacinta e Francisco no centenário das “aparições” na Cova da Iria, em 1917.
O papa tem também encontros agendados com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, António Costa.
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