O general Kenneth McKenzie, comandante do Comando Central dos EUA responsável pelo Afeganistão, informou que os militares foram mortos na sequência de dois atentados bombistas - duas explosões perto do portão principal do aeroporto e de um hotel próximo -, alegadamente perpetrados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Entre os mortos, segundo os media norte-americanos, estão 12 fuzileiros navais e um médico da Marinha.
O ataque ocorreu durante a operação de retirada de civis estrangeiros e afegãos liderada pelos EUA. A operação foi agora acelerada.
A guerra de duas décadas no Afeganistão custou 1.909 vidas de militares americanos em combate. A maior perda registada foi a 6 de agosto de 2011, quando insurgentes abateram um helicóptero Chinook numa missão noturna na província de Wardak, a sudoeste de Cabul.
Trinta soldados americanos, incluindo 22 fuzileiros das forças especiais Navy SEAL, foram mortos, bem como oito afegãos e um cão militar. Até então, o pior número de mortos registados num dia também envolvia um helicóptero e ocorreu a 28 de junho de 2005, quando três fuzileiros navais foram mortos num tiroteio após serem deixados de avião nas montanhas da província oriental de Kunar. Um helicóptero que levava reforços e que foi enviado para ajudar um dos fuzileiros ainda vivo no solo e para recuperar os corpos dos outros três foi abatido, matando assim os 16 a bordo.
Entre os ataques que tiveram um número relevante de perdas para os EUA, está também um tiroteio em julho de 2008 entre dezenas de combatentes do Talibã e soldados americanos em Wanat, no qual nove soldados americanos foram mortos. Quinze meses depois, em outubro de 2009, oito americanos foram mortos na sequência de um tiroteio semelhante com centenas de combatentes do Talibã em Kamdesh, na província de Nuristão.
Ataques de supostos aliados também representaram mortes de americanos no Afeganistão. Em 27 de abril de 2011, oito membros da Força Aérea dos Estados Unidos e um civil americano foram mortos a tiros no aeroporto de Cabul por um piloto afegão. E, ainda, no dia 30 de dezembro de 2009, um "agente duplo" que os Estados Unidos pensavam estar a operar a seu favor matou sete oficiais e contratados da Agência Central de Inteligência (CIA), bem como duas outras pessoas, numa instalação da CIA no leste do Afeganistão conhecida como Base Chapman.
Presidência de Biden abalada pelo duplo atentado em Cabul?
Biden não começou a guerra no Afeganistão, a ofensiva foi decidia pelo republicano George W. Bush, após os atentados de 11 de setembro de 2001. Mas o atual Presidente foi o primeiro a cumprir a promessa de pôr fim à operação. Afirmou que "a bola para" com ele, o que significa que não poderá escapar da revolta pela morte dos militares e das suas consequências políticas.
Trump, que criticou duramente a gestão da crise no Afeganistão por parte do seu sucessor, qualificou o atentado em Cabul como uma "tragédia". "Nunca se deveria ter permitido que esta tragédia acontecesse", declarou Trump num comunicado.
"Bem tem as mãos manchadas de sangue", acusou também a legisladora republicana Elise Stefanik. "Este terrível desastre humanitário e de segurança nacional é unicamente resultado da liderança frágil e incompetente de Joe Biden. Não é apto para ser comandante-em-chefe", afirmou.
A senadora republicana Marsha Blackburn afirmou também na rede social Twitter que Biden e todo o seu pessoal de segurança nacional "deveriam renunciar ou enfrentar um julgamento político e destituição".
O reação republicana já era previsível, mas o dano mais amplo refletido nas pesquisas de opinião pode ser ainda mais preocupante para Biden. Embora esta semana uma sondagem do USA Today/Suffolk University tenha revelado que os americanos acreditam de "forma esmagadora" que não vale a pena manter a guerra afegã, Biden tem uma aprovação geral de apenas 41%, com 55% de desaprovação.
"Não sei se Biden sofrerá danos permanentes", disse à AFP Mark Rom, professor da Universidade de Georgetown, acrescentando que "os republicanos farão tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que sim".
Comentários