A notícia está a ser avançada pela Associated Press.
O presidente iraniano disse ainda que a decisão de aplicar sanções a dirigentes iranianos, anunciada ontem pelos EUA, é "ultrajante e idiota" e será "um falhanço certo".
"Vocês colocam sanções ao ministro dos Negócios Estrangeiros [iraniano] e em simultâneo dizem estar disponíveis para contactos?", questionou Rouhani. "É evidente que mentem", acrescentou.
"Poderiam pelo menos ter esperado um pouco para que o mundo analisasse se dizem a verdade ou se mentem", ironizou o presidente do Irão.
Quase ao mesmo tempo, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, criticou em Jerusalém o que chamou de silêncio "ensurdecedor" do Irão, reiterando que a porta está aberta para "verdadeiras negociações". "Tudo o que o Irão tem que fazer é entrar por esta por aberta", disse Bolton, ao lado do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
"No momento em que falamos, os representantes da diplomacia americana seguem para o Médio Oriente em busca de um caminho para a paz. Como resposta, o Irão mantém um silêncio ensurdecedor", criticou Bolton, aparentemente sem ter conhecimento das declarações de Rohani.
Antes, o governo do Irão afirmou que as medidas americanas fecham de "forma permanente" a via diplomática entre Washington e Teerão.
"Impor sanções estéreis contra o líder supremo do Irão e o chefe da diplomacia iraniana (Mohamad Javad Zarif) é fechar de maneira permanente a via da diplomacia com o desesperado governo Trump", escreveu no Twitter o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Abbas Musavi.
"O governo (Trump) está a destruir todos os mecanismos internacionais existentes destinados a garantir a paz e a segurança mundial", acrescentou.
Teerão e Washington romperam relações diplomáticas em 1980.
Também esta terça-feira, o governo da China pediu "sangue frio e moderação" aos Estados Unidos e ao Irão.
"Consideramos que continuar a aplicar uma pressão máxima não ajuda a resolver o problema", afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou ontem um decreto que, segundo disse, impõe sanções “duras” dirigidas ao Guia Supremo do Irão, ‘ayatollah’ Ali Khamenei, e círculo próximo, além de um reforço generalizado das medidas punitivas à república islâmica.
De acordo com Trump, estas novas sanções seguem-se a “uma série de comportamentos agressivos por parte do regime iraniano no decurso das últimas semanas, incluindo a destruição de um drone americano”. “Vamos intensificar a pressão sobre o Irão”, afirmou Trump em declarações na Casa Branca, assegurando que as sanções poderão permanecer em vigor “durante anos”.
Pouco após as palavras de Trump, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, anunciava que os EUA também vão impor sanções ao ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Yavad Zarif, e congelar “milhares de dólares” de ativos iranianos suplementares. “Vamos colocar Zarif” na lista de sanções, “o mais tardar esta semana”, anunciou Mnuchin, para acrescentar que oito altos responsáveis dos Guardas da Revolução também foram sancionados.
Reagindo ontem à aplicação de sanções, Mohammad Yavad Zarif afirmou que os que rodeiam Trump estão "sedentos por uma guerra".
Dias antes de anunciar estas sanções, o Presidente dos Estados Unidos garantiu que não procura uma guerra com o Irão e está disponível para contactos.
“[Os iranianos} querem falar? Muito bem. Se não, preparem-se para ter uma má economia nos próximos três anos”, avisou. Questionado sobre as condições para um contacto diplomático entre os dois pises, clarificou: “No que me diz respeito, não há condições prévias”, disse, acrescentando porém que Teerão tem de esquecer as armas nucleares.
O clima de tensão entre os Estados Unidos da América e o Irão dura há bastante tempo, mas a crispação aumentou desde que o Presidente norte-americano, há um ano, retirou o seu país do acordo nuclear internacional assinado em 2015, repondo sanções devastadoras para a economia iraniana.
No sábado, Donald Trump admitiu que o uso da força contra o Irão "está sempre em cima da mesa", após a confirmação de que o Irão tinha abatido um drone americano - que, segundo Teerão, violou o espaço aéreo iraniano, mas, de acordo com Washington, estava em espaço aéreo internacional.
Donald Trump anunciou, como retaliação, um ataque contra três locais no Irão, o qual disse ter abortado à última hora para evitar um elevado número de mortos.
*Com agências
(Notícia atualizada às 10:23)
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