O ex-presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis, que está em prisão preventiva por suspeitas de corrupção em projetos urbanísticos, terá "recebido envelopes com dinheiro" para "ignorar as reclamações dos moradores" da Rua 19, que contestaram a construção de um empreendimento habitacional na mesma rua pelo empresário Francisco Pessegueiro, pode ler-se no Jornal de Notícias (acesso condicionado).

De acordo com o matutino, o ex-presidente da Câmara terá "desbloqueado o embargo" à obra do "19 The Avenue Suites", um "prédio com varandas ilegais" cuja construção estava a ser alvo de queixa por parte dos vizinhos. Ao mesmo tempo, os moradores "reclamavam" sobre a colocação de contentores do lixo "que ocupavam parte da via pública", naquele local.

Segundo o JN, o ex-presidente da Câmara terá recebido o dinheiro do empresário Francisco Pessegueiro em encontro num café de Espinho, local que tinha videovigilância e que terá filmado a entrega do "envelope".

Cinco arguidos foram detidos na semana passada por suspeitas de corrupção e de outros crimes económico-financeiros cometidos, alegadamente, “em projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”, segundo a Polícia Judiciária (PJ).

Os arguidos foram presentes a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal do Porto (TIC), com o Ministério Público (MP) a promover, na sexta-feira, a aplicação da medida de coação de prisão preventiva a Miguel Reis e ao empresário José Pessegueiro.

Os outros três arguidos - o chefe da divisão do Urbanismo José Costa, dois outros empresários e um arquiteto – foram libertados, disse à agência Lusa fonte policial.