Na apresentação pública da sua candidatura, o ex-presidente do executivo de Oeiras (agora liderado pelo seu ex-vice-presidente Paulo Vistas) disse aos jornalistas que não comenta “a atual situação da câmara”, mas antes, no seu discurso, não deixou de lamentar que o potencial do município não esteja “devidamente aproveitado”.
“Tenho de vos confessar: quando assisto à fragilização da identidade deste município, à perda de vantagens competitivas que tanto custaram a construir, vivo mal. Sinto-me mal quando não vejo Oeiras no top”, declarou o candidato do movimento INOVAR – Oeiras de Volta.
Ainda assim, o ex-autarca afirmou que o município que ambiciona não é o da “continuidade de um passado cheio de coisas boas” e propôs-se a aplicar “políticas de nova geração”, mais eficazes, na habitação, na educação, na cultura, na mobilidade e a nível social.
Questionado sobre o impacto do processo judicial em que foi condenado, Isaltino Morais referiu que cumpriu a pena que a Justiça entendeu aplicar-lhe, mas que não sente qualquer estigma.
“As pessoas tratam-me bem, com carinho, com simpatia […]. Considero que isso é passado. Estou a pensar no futuro”, comentou.
Segundo o candidato, o seu regresso à vida política resulta de muitos pedidos dos cidadãos e os seus únicos adversários são “aqueles que querem diminuir as capacidades do concelho”.
Questionado sobre o nome do movimento pelo qual Paulo Vistas se vai candidatar (IOMAF, trocando o ‘i’ de “Isaltino” por “independentes”), o ex-autarca desvalorizou a situação, sublinhando que a lei foi entretanto alterada e não permite agora que os movimentos tenham nomes de pessoas: “Senão, tinha posto aqui ‘Isaltinar – Oeiras de Volta”.
De acordo com Isaltino Morais, esta não será uma campanha “fulanizada”, até porque cada candidato pode escolher a mensagem que achar mais adequada para chegar aos eleitores.
Hoje foram apresentados os candidatos do INOVAR – Oeiras de Volta às freguesias do concelho, entre os quais está a atual vereadora Madalena Castro, do IOMAF, que fazia também parte do executivo liderado por Isaltino Morais.
Afirmando que, além de Oeiras (distrito de Lisboa), apenas poderia presidir ao município de Mirandela (distrito de Bragança), de onde é natural, o candidato referiu que não entende como os autarcas podem passar rapidamente de um executivo para outro.
“É como se houvesse uma nova categoria profissional: os presidentes de câmara profissionais”, comentou.
O ex-autarca, eleito pela primeira vez em 1985 pelo PSD e que depois se tornou independente, abandonou o executivo quando foi detido, a 24 de abril de 2013, para cumprir dois anos de pena de prisão, por fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Um ano depois, a 24 de junho de 2014, saiu em liberdade condicional para cumprir o resto da pena em casa.
O caso teve origem em contas bancárias na Suíça e na Bélgica não declaradas ao fisco e ao Tribunal Constitucional. A acusação alegava que o autarca aproveitava as contas de uma ex-secretária e de um sobrinho na Suíça, taxista, para ocultar avultadas quantias.
Paulo Vistas assumiu a presidência após a detenção de Isaltino Morais e foi eleito, em 2013, pelo movimento criado pelo seu antecessor, Isaltino Oeiras Mais à Frente (IOMAF).
Para as eleições de 01 de outubro em Oeiras foram já anunciados como candidatos, além de Isaltino Morais, Paulo Vistas (IOMAF), Heloísa Apolónia (CDU), Pedro Perestrello (PNR) e Ângelo Pereira (PSD).
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