“Sabemos que o turismo é importante para a economia da cidade e do país. Não o renegamos. Mas quem escolhe Lisboa para lazer ou para viver espera autenticidade e compreenderá que a cidade, apesar de ter criado condições de conforto para os seus visitantes, é dos e para os lisboetas”, declarou Nuno Graciano, na apresentação do seu programa eleitoral.

Vincando o compromisso de “devolver Lisboa aos lisboetas”, Nuno Graciano salientou que o Chega não vai “mais aceitar ou consentir que possam continuar a desvirtuar a cidade”.

“Temos de defender e preservar, invertendo um ciclo de quase 40 anos de atropelos ao património, desrespeito pela arquitetura, venda de imóveis públicos ao desbarato e perda de centenas de milhares de habitantes”, apontou.

O conhecido ex-apresentador de televisão pretende, por isso, “incrementar os programas de arrendamento, via promoção imobiliária e camarária, diversificando a respetiva oferta, priorizando a classe média, sobretudo jovens e famílias com filhos”.

Quer também que as famílias paguem as creches dos filhos “em função do seu rendimento” e que “devolver o IRS aos contribuintes, que hoje reverte apenas para a autarquia”.

Outra das medidas destacadas hoje por Nuno Graciano prende-se com a preservação do “património arquitetónico tradicional de Lisboa, a sua traça e a sua paisagem, salvaguardando o sistema de vistas, em particular de e para o rio”.

O candidato do Chega à presidência da autarquia lisboeta, atualmente presidida pelo socialista Fernando Medina, assinalou, igualmente, “a importância de preservar conjuntos históricos”, evitando “monos” como a projetada Mesquita do Martim Moniz “onde a Câmara pretende gastar três milhões de euros dos contribuintes”.

“Nada contra uma mesquita, mas não aqui”, ressalvou, advogando que “prejudica terceiros”.

Em matéria de segurança, o candidato realçou que é necessário aumentar o policiamento de rua, através da contratação de mais polícias municipais, reativação da presença do Guarda Noturno em Lisboa e acabar “definitivamente com a prostituição no Alto do Parque Eduardo VII”.

Nuno Graciano referiu que “Lisboa tem vários polos de muita insegurança”, mencionando as zonas de Chelas, Olaias e Martim Moniz (onde apresentou o programa eleitoral).

O candidato defendeu que o município tem de “identificar, juntamente com a Polícia Municipal, e denunciar” esses focos junto do Governo e das demais autoridades competentes, acrescentando ainda a necessidade de tornar a cidade mais limpa.

Na área da mobilidade, sublinhou que é preciso “repensar toda a rede de ciclovias”, propor legislação para velocípedes e aumentar o estacionamento para os moradores.

Já em matéria de cultura, o Chega pretende “transferir a Fundação Saramago para outro espaço municipal e recuperar a Casa dos Bicos para aí instalar o Museu dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa”.

Apostar nas artes, cultura e música, criar centros de acolhimento permanentes para pessoas em situação de sem-abrigo, assim como “primar pelo rigor e transparência na gestão da cidade”, são outras das ambições do candidato do partido de extrema-direita.

Questionado pelos jornalistas sobre a ausência do líder do partido, André Ventura, na apresentação do programa eleitoral, Nuno Graciano afirmou que não pode estar presente em todas as candidaturas.

O candidato do Chega desvalorizou ainda as sondagens e destacou que o objetivo para as eleições autárquicas de 26 de setembro é “eleger vereação”.

Além de Nuno Graciano, concorrem à Câmara de Lisboa Fernando Medina (coligação PS/Livre), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), Tiago Matos Gomes (Volt Portugal), Manuela Gonzaga (PAN), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Liber (movimento Somos Todos Lisboa).

O executivo de Lisboa, atualmente presidido por Fernando Medina (PS), é composto por oito eleitos pelo PS (incluindo dos Cidadãos por Lisboa e do Lisboa é muita gente), um do BE (que tem um acordo de governação do concelho com os socialistas), quatro do CDS-PP, dois do PSD e dois da CDU.