O tema entrou na ordem do dia logo pela manhã, quando o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa - durante um encontro com pais sobre creches gratuitas, na Quinta das Conchas, em Lisboa - anunciou que o partido vai levar o alargamento da gratuitidade das creches a todos os escalões de rendimentos para as discussões do OE2022.
“Creio que a rede pública é um elemento crucial. A questão da gratuidade implica, consequentemente, uma despesa orçamental. A grande questão é saber se queremos uma solução de fundo ou medidas avulsas”, sustentou, acrescentando que deveria haver “uma convergência” em relação a esta matéria.
Mais a norte, em Guimarães, a coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu que o Governo socialista “tem pouca vontade” de discutir questões concretas nas negociações do Orçamento do Estado para 2022, insistindo na necessidade de debater também a lei laboral.
No final de uma visita ao mercado de Guimarães, seguida de uma arruada pelas ruas da cidade, Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre as declarações do fundador do partido, Fernando Rosas, no comício da noite anterior, em Braga, quando avisou o PS, que apelidou de “partido da bazuca”, que tem que negociar se quer ter um Orçamento do Estado.
“O Bloco de Esquerda tem notado é que o Governo tem pouca vontade de discutir isto no concreto. No concreto o que é que vai acontecer a quem vive do seu trabalho, para haver mais médicos de família, para quem tem a sua pensão tão curta, para quem faz uma ginástica tão grande para conseguir pagar a renda da casa ou a prestação da casa”, criticou.
À direita ouviram-se críticas ao executivo socialista, também em relação ao OE2022, depois de o jornal Eco ter noticiado esta terça-feira que, no âmbito do Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo está a negociar com os partidos à esquerda o englobamento obrigatório de rendimentos no IRS, o que poderá significar um agravamento fiscal para muitos proprietários.
O presidente do PSD, Rui Rio, alertou que, se o Governo ceder às pretensões de BE e PCP, haverá “um aumento brutal de impostos” sobre as poupanças e para todos os portugueses que têm casas no mercado de arrendamento.
“Se o PS e o Governo cederem a isso estamos a dar mais um passo totalmente errado no sentido que a economia precisa”, criticou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, no final de uma iniciativa de campanha autárquica na Póvoa de Varzim.
Já o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, considerou que o englobamento obrigatório no IRS vai ser uma “machadada no mercado” de arrendamento e acusou a esquerda de ter um “apetite voraz” pelo dinheiro dos contribuintes, em campanha por Vale de Cambra, em Aveiro.
Na mesma linha, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, acusou o primeiro-ministro de subir impostos às escondidas "ao negociar com o PCP" o englobamento dos rendimentos e depois prometer desdobrar os escalões do IRS.
Já mais ao fim da tarde, o secretário-geral do PS, na primeira ação de campanha do dia, escolheu responder às críticas de que foi alvo na segunda-feira sobre a Galp por parte de outros partidos - que o acusaram de “cinismo” e de “carpir mágoas” – depois de, no domingo, ter prometido uma “lição exemplar” à Galp devido à forma como encerrou a refinaria de Matosinhos.
Em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, Costa considerou que estas críticas existem porque se está “a poucos dias das eleições” e reiterou que a empresa não cumpriu o processo de transição climática.
Referindo que Portugal é “felizmente dos países tem feito um esforço maior para assegurar a sua neutralidade carbónica”, António Costa frisou que essa transição tem de ser feita “de forma a segurar as pessoas”.
Já a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, em campanha por Coimbra, salientou que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “não pode ser uma oportunidade perdida” para reforçar o setor da saúde.
André Ventura, do Chega, tem ainda hoje um comício na doca de Faro, à noite.
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