A cinco meses das autárquicas, no Porto, o PS começou por apoiar o independente Rui Moreira, mas a candidatura do atual presidente do município acabou por decidir que não havia condições para manter o apoio socialista.
A posição surgiu na sequência de declarações de Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, que afirmou que o partido teria uma presença forte nas listas de Rui Moreira, tendo os socialistas sido acusados de colagem a uma vitória de Moreira.
O PS decidiu então avançar com uma candidatura própria liderada pelo vereador Manuel Pizarro.
Em Loures, PSD e CDS-PP apresentaram a candidatura conjunta de André Ventura para presidente da Câmara, mas os centristas retiraram o apoio ao candidato após acusações polémicas deste, dirigidas à comunidade cigana. O PSD manteve o seu apoio ao candidato.
Para a Câmara de Lisboa, Teresa Leal Coelho não foi um nome consensual e abriu uma guerra interna no PSD.
A concelhia contestou ter sido excluída do processo de escolha, já que o nome de Leal Coelho foi indicado pela distrital, apoiada pelo líder do partido, Pedro Passos Coelho.
Apesar da polémica, Teresa Leal Coelho foi apresentada como candidata a 19 de julho, tendo admitido então que o antigo presidente da autarquia Santana Lopes foi a primeira opção do partido para a capital.
As discordâncias entre as estruturas nacionais e concelhias dos partidos acerca dos candidatos a escolher levaram a ruturas que aumentaram o número de candidaturas independentes.
Os membros da comissão política concelhia socialista de Vila do Bispo, no distrito de Faro, demitiram-se em bloco em janeiro, acabando por apoiar listas independentes, por "discordarem da imposição" da comissão nacional na escolha do candidato autárquico Adelino Soares, a quem o PS local, em 2014, retirou a confiança política.
A concelhia do PSD de Matosinhos escolheu para candidato o biólogo Joaquim Jorge, mas a distrital do Porto impôs o médico Jorge Magalhães, o que levou os dirigentes concelhios a demitirem-se.
A escolha, pela distrital do Porto, da deputada socialista Luísa Salgueiro para candidata do PS a Matosinhos, contra a concelhia, que tinha optado pela candidatura do seu líder Ernesto Páscoa, levou a que este tenha impugnado judicialmente as listas do PS à câmara e a que o ex-presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos, António Parada, se candidatasse como cabeça de lista do Movimento de Cidadãos de Matosinhos – SIM, desfiliando-se do PS em rotura com a federação distrital.
As estruturas socialistas também não se entenderam quanto ao nome do candidato socialista em Fafe (Braga) e, em Barcelos (Braga), levaram a que o líder desta concelhia, Domingos Pereira, se candidatasse por um movimento independente.
Na Vidigueira (Beja), a escolha para cabeça de lista da CDU de Rui Raposo fez com que a vice-presidente da autarquia, Maria Helena D’Aguilar, decidisse entrar na corrida eleitoral pelo Movimento Vidigueira Independente.
A candidatura independente de Isaltino Morais a Oeiras (Lisboa) foi rejeitada pelo tribunal desta comarca devido a “irregularidades”, mas o candidato recorreu e o recurso foi aceite, pelo que é candidato.
Isaltino questionou a imparcialidade do juiz que rejeitou a sua candidatura por este ter uma alegada relação de amizade e familiar com Paulo Vistas, o atual presidente da Câmara, também ele candidato independente a Oeiras e seu antigo vice-presidente, que ficou à frente da autarquia quando Isaltino Morais foi cumprir uma pena de prisão por fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Em Estremoz (Évora), o ainda presidente da Câmara, Luís Mourinha (independente), enfrenta um processo judicial devido ao alegado corte de um subsídio a uma associação e está sujeito a perder o mandato e a comprometer a sua recandidatura, caso o Tribunal Constitucional confirme a decisão da Relação de Évora.
Carlos Pinto, antigo presidente da Covilhã (Castelo Branco) durante 20 anos, 16 dos quais interruptamente, sempre eleito pelo PSD, candidata-se desta vez como independente.
Este antigo presidente foi condenado em julho a uma pena de prisão suspensa de três anos de prisão, passível de recurso, por um crime de prevaricação.
Em Ourém, distrito de Santarém, Paulo Fonseca (PS) tinha assumido a recandidatura ao terceiro mandato à Câmara Municipal, mas o tribunal, por duas vezes, invalidou a intenção, por insolvência pessoal, na sequência de um processo por dívida de 350 mil euros.
Há também casos de candidatos que mudaram de partido, como o atual presidente de Amares (Braga), Manuel Moreira, eleito em 2013 pelo PS e que agora se recandidata por uma lista PSD/CDS-PP, e, em Pedrógão Grande (Leiria), o atual presidente, Valdemar Alves, eleito pelo PSD, vai concorrer pelo PS, levando a que mais de 30 militantes socialistas deste concelho tenham pedido a “desfiliação imediata”.
As eleições para os órgãos autárquicos decorrem a 01 de outubro.
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