O indivíduo que detonou os explosivos que carregava perto de um festival de música em Ansbach, no sul da Alemanha, havia jurado lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico (EI), de acordo com o conteúdo de um vídeo encontrado no seu telemóvel, anunciou esta segunda-feira o ministério do Interior da Baviera.

"Anunciou explicitamente (agir) em nome de Alá, e jura lealdade (ao chefe do EI), Abu Bakr al Bagdadi (...) e advertiu expressamente sobre uma vingança contra os alemães que atravessarem o caminho do Islão", disse Joachim Hermann, ministro do Interior da Baviera, baseando-se numa primeira tradução do vídeo em árabe.

Um migrante sírio morreu depois de detonar uma bomba perto de um festival de música na cidade bávara de Ansbach, no sul da Alemanha, deixando vários feridos. O migrante, de 27 anos, sofria de transtornos psiquiátricos.

"Trata-se, infelizmente, de um novo atentado terrível, que aumenta sem dúvida a inquietação das pessoas", admitiu Joachim Herrmann, a partir do local do ataque.

O autor do atentado, cujo pedido de asilo foi negado há um ano, tinha a intenção de impedir a realização de um festival de música pop que contava com a participação de mais de 2.500 pessoas na cidade de Ansbach, segundo Herrmann.

Este terá tentado entrar no festival, mas não conseguiu porque não tinha bilhete.

O sírio, que vivia em Ansbach, havia feito duas tentativas de suicídio e esteve hospitalizado numa clínica psiquiátrica, acrescentou o ministro.

Este ataque tem lugar numa altura de grande tensão para a Alemanha. No dia 18 de julho, um solicitante de asilo feriu com um machado cinco pessoas num comboio regional de Wurtzburgo, ato reivindicado em nome do Estado Islâmico. Na noite de sexta-feira, 22 de julho, um jovem de 18 anos com transtornos psiquiátricos e obcecado pelos massacres em massa matou a tiros nove pessoas em Munique.

Ministro do Interior rejeita "suspeita generalizada" em relação a refugiados

O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, rejeitou esta segunda-feira qualquer "suspeita generalizada" em relação aos refugiados após as agressões e atentados cometidos nos últimos dias por solicitantes de asilo na Alemanha.

"Não devemos suspeitar dos refugiados de forma generalizada, embora existam procedimentos em andamento em casos isolados", disse De Maizière numa entrevista ao grupo de imprensa Funke.

Maizière indicou que estão em andamento 59 investigações sobre refugiados na Alemanha, suspeitos de pertencer a organizações terroristas, entre "várias centenas de milhares de pessoas que chegaram recentemente" ao país.

A porta-voz adjunta do governo alemão, Ulrike Demmer, disse que o risco criminal que os refugiados representam ao país não é proporcionalmente "maior que o que envolve o resto da população".

Cerca de um milhão de migrantes chegaram no ano passado à Alemanha, muitos deles sírios que fugiam da guerra que atinge o seu país há cinco anos.