De acordo com uma nota enviada na terça-feira à agência Lusa, a convocar, para quinta-feira, uma conferência de imprensa sobre os motivos da ocupação (essencialmente relacionadas com falta de habitação), os alunos em causa relataram que participaram “cerca de 100 pessoas, muitas delas estudantes da UC”, na “ação simbólica”, que resultou numa “assembleia popular dentro do edifício onde se partilharam várias queixas, vivências e urgências”.

A “iniciativa não foi bem vista pela Reitoria da Universidade, que, na madrugada [daquele dia], deu ordem para que as autoridades retirassem os participantes do local”.

“Pelo menos 29 pessoas foram identificadas e atravessam agora um processo judicial, na sequência de uma queixa-crime efetivada pela Reitoria da Universidade de Coimbra”, referiram os mesmos alunos, afirmando que “a Reitoria não tentou em nenhum momento contactar as pessoas envolvidas, nem se mostrou aberta para escutar as suas reivindicações”.

O objetivo da conferência agendada para as 18:00 de quinta-feira, nas instalações da Associação Académica, é “expor aos órgãos de comunicação social e pessoas interessadas as dificuldades que os estudantes e a comunidade de Coimbra passam para ter acesso à habitação”.

Na sessão, o grupo irá também “divulgar mais informações sobre a ação autoritária”.

“Nesta conferência, vamos reunir, não só as pessoas desta iniciativa, como outras que, tal como nós, sofrem na pele a crise da habitação”.

Em resposta escrita enviada hoje à agência Lusa, a reitoria da UC afirmou que, “na situação reportada, um grupo de cerca de 20 pessoas ocupou um imóvel da Universidade de Coimbra (antigo edifício dos Serviços Médicos da UC), arrombando a porta de entrada”.

O edifício “apresenta condições estruturais frágeis e encontra-se fechado, a aguardar obras de reabilitação, não apresentando condições de segurança que permitam a sua utilização”.

“Estas circunstâncias foram transmitidas aos ocupantes, tendo-lhes sido pedido que saíssem voluntariamente, sensibilizando-os que a permanência no interior do edifício constituía uma situação de perigo e de risco grave para a sua própria segurança”.

Os participantes na ação não acederam e “após várias horas de ocupação do edifício e de diálogo com os ocupantes, foi necessário participar a situação às autoridades competentes (tendo o procedimento seguido os seus trâmites normais) para que pudessem intervir, assegurando que o imóvel fosse desocupado e garantindo, desta forma, a salvaguarda da integridade física das pessoas que se encontravam no interior de um espaço da UC”.

“A Universidade de Coimbra tem apoiado, e continuará sempre a apoiar, as diversas iniciativas e manifestações dos/as estudantes, colaborando, inclusivamente, para a criação das condições para a sua realização, sempre que se revele necessário e esteja assegurada a segurança de todos os envolvidos”, afirmou ainda a reitoria.

“Solidária e consciente das dificuldades dos/das estudantes no acesso à habitação”, a UC “tem empenhado todos os esforços para ultrapassar este problema, estando em curso os procedimentos para a reabilitação de duas residências universitárias e para a construção de duas novas residências universitárias”, concluiu.