“Temos alguns casos que coincidiram com o maior volume de testes que fizemos aqui na região. São situações que temos vindo a acompanhar, em algumas dessas situações já foram dadas autorizações para o regresso à ilha de residência, alguns dos casos já estão na sua ilha de residência e há alguns que ainda subsistem e que as delegações de saúde não terão comunicado os resultados por via do volume que houve”, afirmou o responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores.
Tiago Lopes, que é também diretor regional da Saúde, falava, em Angra do Heroísmo, num ponto de situação sobre a evolução do surto da covid-19 no arquipélago.
Atualmente, apenas as ilhas Terceira e São Miguel têm ligações aéreas com o exterior do arquipélago, através da TAP, e as viagens interilhas estão reduzidas a transporte de carga e ao transporte excecional de passageiros, com autorização da Autoridade de Saúde Regional.
Os passageiros que têm como destino final outras ilhas que não Terceira e São Miguel só obtêm essa autorização, após 14 dias de quarentena e um teste negativo à infeção pelo novo coronavírus.
Desde o início de março, os dois laboratórios de referência dos Açores já realizaram perto de 20 mil análises à covid-19, estando ainda a aguardar colheita de amostra ou resultado laboratorial 1.421 pessoas (a maioria referente a rastreios).
“Num dos dias desta semana tivemos cerca de 1.000 análises processadas. É natural essa sobrecarga a diversos níveis, no que diz respeito às análises e aos respetivos resultados”, sublinhou Tiago Lopes, acrescentando que os resultados passaram a ser comunicados por SMS para “agilizar o processo”.
O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, anunciou na segunda-feira que as ligações interilhas seriam retomadas “de forma gradual” a partir de sexta-feira.
Questionado sobre a forma como essas operações seriam retomadas e sobre a suspensão das quarentenas obrigatórias para quem viaja entre ilhas, Tiago Lopes disse apenas que a circular normativa em vigor estava a ser “revista”, sem revelar pormenores.
“Muito em breve iremos emitir as orientações e recomendações e os procedimentos a ter para que se efetive essa retoma”, avançou.
Os Açores não registam novos casos de infeção há mais de uma semana e têm atualmente seis casos positivos ativos, cinco na ilha de São Miguel e um na ilha do Pico, que, segundo o responsável da Autoridade de Saúde Regional, poderá estar já curado.
Em causa está uma criança de três anos, por isso as autoridades de saúde deram “o devido tempo” para voltar a realizar a colheita de amostras.
“Sem pressa de ‘zerar’ o número de casos positivos ativos na região — não é esse o nosso intuito –, estamos a dar o devido tempo, para que, atendendo aos casos positivos ativos que temos neste momento na região, possamos com a devida calma fazer os respetivos testes”, afirmou.
Autoridade de Saúde dos Açores diz que atualizou dados na plataforma da DGS
O responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores garantiu hoje que introduziu os dados sobre o surto da covid-19 na região na plataforma da Direção-Geral da Saúde (DGS), sem que esta os tenha atualizado no boletim diário.
“Eu próprio fiz mais esse esforço e enviei através dessa base de dados os dados do ponto de situação relativamente à situação epidemiológica na região. O boletim diário que hoje foi publicado não reflete os dados que temos transmitido há vários dias. Nesse sentido, não sei mais o que posso fazer relativamente à atualização dos dados da DGS”, afirmou Tiago Lopes.
O responsável da Autoridade de Saúde Regional, que é também diretor regional da Saúde, falava, em Angra do Heroísmo, num ponto de situação sobre a evolução do surto da covid-19 no arquipélago.
Segundo as autoridades regionais, registaram-se nos Açores 146 casos de infeção pelo novo coronavírus, dos quais seis estão ativos, tendo ocorrido 124 recuperações e 16 óbitos.
No entanto, há vários dias que o boletim diário da DGS refere apenas 135 casos de covid-19 no arquipélago e 15 óbitos.
Questionada na segunda-feira sobre essa disparidade, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que o boletim integra apenas o que é reportado pelos médicos nas plataformas de vigilância.
“Se não houver esse registo, não conseguimos contabilizar”, justificou.
Confrontado com estas declarações, Tiago Lopes disse que alertou novamente para essa situação, mas reiterou que a região já tinha enviado os dados atualizados.
“A Direção-Geral da Saúde criou uma base de dados para todas as regiões inserirem os seus dados relativamente àquilo que é o ponto de situação epidemiológica em cada uma das regiões. A Região Autónoma dos Açores, em determinado período, enviou diariamente esses dados, por forma a que aquilo que fosse transmitido no boletim diário da Direção-Geral da Saúde refletisse com maior rigor o ponto de situação epidemiológico do surto na região, no entanto, nunca se verificou”, salientou.
Desde o início do surto foram confirmados 146 casos da covid-19 nos Açores, tendo ocorrido 124 recuperações (em seis ilhas) e 16 óbitos (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (108), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).
Das sete cadeias de transmissão local detetadas na região, apenas duas estão ainda ativas: uma na ilha do Pico e outra na ilha de São Miguel, que envolveu 74 pessoas e tem atualmente apenas três casos positivos ativos.
Nas últimas 24 horas foram detetados apenas sete casos suspeitos, na ilha de São Miguel (cinco dos quais com resultado negativo e dois à espera de colheita ou resultado), mas foram realizados 463 testes, no âmbito de rastreios.
Nas escolas das seis ilhas que registaram casos da covid-19, que retomaram as aulas presenciais nas disciplinas em que há exame nacional, foram testados 4.281 docentes, funcionários e alunos, estando ainda aguardar colheita ou resultado outros 273.
Nos lares de idosos e casas de saúde, realizaram-se 2.366 testes a funcionários e utentes, estando ainda a aguardar colheita ou resultado outros 819.
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