Presentes na conferência de imprensa desta sexta-feira estiveram Marta Temido, que começou por fazer a leitura dos números do último boletim epidemiológico, e o subdiretor Geral da Saúde, Diogo Cruz.

  • Portugal tem 198 surtos: 40 na região Norte, 13 na região Centro, 127 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 5 na região do Alentejo e 13 na região do Algarve. A ministra admitiu que reduzir os números é "um caminho lento, moroso, difícil" para o qual é preciso olhar "com prudência", mas salientou que "começam a surgir bons resultados".
  • Relativamente ao RT, segundo a última atualização do Instituto Ricardo Jorge, entre 16 a 20 de julho, a média nacional situou-se nos 0,92.
  • Marta Temido indicou que na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde têm surgido a maior parte dos novos casos nas últimas semanas, "a incidência nos últimos sete dias registou uma variação positiva em três concelhos e nos últimos 14 dias mantém uma tendência decrescente em todos os concelhos, registando agora valores entre 90 a 120 novos casos por cem mil habitantes".No país inteiro, houve uma taxa de incidência nos últimos sete dias de 15,7 novos casos por 100 mil habitantes, 37,1 novos casos por 100 mil habitantes, o que coloca Portugal "num padrão bastante confortável" em relação a este indicador, "embora haja ainda muito trabalho a fazer", salientou.
  • Questionada sobre o critério de testagem entre profissionais de saúde, a ministra começou por esclarecer que até à data houve 4.114 profissionais infetados e os últimos dados referem que 3.463 já estarão curados. Sobre a questão do critério da testagem destes profissionais, Marta Temido afirmou que é algo que as autoridades têm "acompanhado e que provavelmente estará ainda num processo de evolução".
  • Diogo Cruz concluiu depois que está a ser preparada uma norma sobre política de testagem nacional, no qual os profissionais de saúde estão "obviamente incluídos". "Está em fase relativamente adiantada do seu desenvolvimento, mas quero dar nota que é uma política de testagem que estamos a planear já em consonância com o que é o plano de inverno". A ideia será "fazer já uma política de testagem nacional que tenta perdurar o inverno, a menos que apareçam novas evidências científicas e, como nós sabemos, com a covid-19 é bem provável que elas venham a aparecer", sublinhou. Todavia, não avançou prazos de quando vai sair esta norma, dizendo apenas que está "numa fase muito adiantada do seu desenvolvimento" e espera que seja brevemente publicada.
  • A ministra salientou também que há um artigo no Orçamento Suplementar, ontem promulgado pelo Presidente da República, que protege os profissionais de saúde infetados. "Os trabalhadores que estão em contrato individual de trabalho têm equiparação para efeitos de dispensa de prova e de indemnização por doença profissional, sendo assegurado o pagamento a 100% da retribuição relativamente às ausências por motivo de doença profissional", afirmou.
  • A governante enfatizou é cedo para se avançar com informação sobre o número de doses, preços ou datas para uma vacina. No entanto, sublinhou que quem está a acompanhar em Portugal a situação é o Infarmed — que agora participa em reuniões semanais com os 27 estados membros da União Europeia.
  • "Há neste momento oito consórcios da indústria farmacêutica (...) que estão num processo mais avançado e mais promissor de investigação. Algumas dessas vacinas estão já na Fase 3. De qualquer forma, é ainda precoce, foi isso que eu referi, estar a avançar com números. É evidente que a DGS tem uma estimativa, mas é precoce estar a avançar com informação do número de doses a vir a ter no nosso país, sobre eventuais preços ou, mais importante ainda, sobre datas efetivas para a sua disponibilização", afirmou.
  • Quanto ao período de Inverno, Marta Temido afirmou que a preocupação "está na necessidade de garantir que, por um lado, temos vacinas para a gripe sazonal e temos a estratégia de vacinação definida a tempo de começar a aplicar o plano mais cedo do que é habitual; por outro lado, de que garantimos a rapidez de resposta para um eventual recrudescimento da covid-19", explicou.
  • O subdiretor Geral da Saúde, Diogo Cruz, reforçou aquilo que a ministra assinalou no ponto anterior, ao explicar que há um "plano de Inverno", mas que é preciso manter a tranquilidade. "Se mantivermos as medidas que estamos a protagonizar para a prevenção da covid, estas medidas também são eficazes para a prevenção de outros vírus respiratórios como a influenza. E, por isso, é verdade, vamos estar no Inverno, vamos ter mais vírus respiratórios a circular — seria estranho se tal não acontecesse —, mas estamos a implementar medidas que se todos aderirmos vamos não só prevenir a covid mas os outros vírus respiratórios", disse.
  • Questionada sobre a notícia do jornal Expresso relativamente a um inquérito do Instituto Ricardo Jorge (INSA) que avança que 300 mil portugueses são imunes à Covid-19, Marta Temido deu conta de que ontem houve uma reunião de peritos para debater os primeiros resultados sobre inquérito serológico nacional, mas que os resultados "só vão ser tornados públicos na próxima semana".
  • Sobre as declarações de Fernando Medida (que disse ser "provável" que as freguesias da Área Metropolitana de Lisboa deixem de estar numa situação de calamidade em breve), a ministra da Saúde disse que a decisão seria tomada para a semana em Conselho de Ministros. "Depende da consolidação de dados", disse, concluindo que "não podemos baixar a guarda".