“Ainda não temos uma proposta de orçamento (2017), mas iremos defender as medidas acordadas na posição conjunta assinada com o PS, que é para levar até às últimas consequências. Algumas foram obtidas, embora parcialmente, em 2016”, disse o dirigente do PCP Carlos Gonçalves à Lusa, frisando que o partido “não tem 'rentrée' política como os outros” porque “nunca deixa de lutar”.
O membro da comissão política do comité central comunista relembrou “alguns aspetos que não foram aceites e implementados pelo Governo do PS”, os quais voltarão a estar em foco, e destacou que tem de haver “outra atitude em termos de investimento público”, além da continuação da “recuperação de direitos e rendimentos dos trabalhadores e do povo”.
O aumento do salário mínimo nacional para 600 euros até final de 2017, o aumento das pensões de reforma, o descongelamento da progressão nas carreiras da administração pública, o apoio à criação cultural, combate à precariedade e melhoria da legislação laboral foram vários dos exemplos dados por Carlos Gonçalves.
“Há que retirar as devidas conclusões do novo quadro político que permitiu romper com a política de direita, declínio e retrocesso. Houve muitos aspetos positivos, mas também muitas matérias pelas quais é preciso continuar a lutar, num momento político complexo por todo o quadro de chantagens e imposições externas e perigo de submissão a interesses internacionais. A breve história deste Governo (PS) prova que é possível outro caminho”, destacou.
Outros caminhos vão encontrar este ano os participantes na festa. Há mais um terço de terreno (seis hectares), adquirido em 2014 por 950 mil euros e cuja campanha de angariação de fundos rendeu 1,2 milhões de euros ao PCP. Após trabalhos de requalificação, totalizam-se mais de 200.000 m2, quase o dobro da área do centro comercial Colombo.
“Todas são importantes, mas esta é muito, são 40 anos, com novas condições. Estamos confiantes numa festa muito participada e interventiva. É um conjunto de iniciativas de grande importância para lá dos espetáculos e do convívio - 10 palcos, 120 artistas ou conjuntos”, descreveu Carlos Gonçalves.
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, fará um primeiro discurso para declarar aberto o evento, pelas 19:00 de sexta-feira, e tem a intervenção de fundo marcada para o grande comício de encerramento, domingo, cerca das 18:30.
Entre as várias ações políticas, de artes plásticas, literárias, do teatro, do cinema e do desporto, vão organizar-se debates na tarde de sábado no denominado “espaço central”, nomeadamente sobre “nova fase da vida política nacional e luta pela alternativa patriótica e de esquerda”, com o líder parlamentar comunista, João Oliveira e outros responsáveis como Jorge Cordeiro.
Antes, já se terá defendido o “controlo público da banca como condição de soberania” e, mais tarde, a temática incidirá sobre “rejeitar a submissão à União Europeia e ao euro”, com a presença de Jorge Pires, os deputados Miguel Tiago ou Paulo Sá ou o eurodeputado João Ferreira, entre outros.
Durante os três dias, os visitantes podem desfrutar da gastronomia de todo o país e estrangeiro nos diversos restaurantes e quiosques montados desde junho pelos militantes comunistas, e das atuações de Xutos e Pontapés, com participação de Paulo de Carvalho, Sérgio Godinho e Jorge Palma, as fadistas Ana Moura, Aldina Duarte, Cristina Branco e Katia Guerreiro, a banda Diabo na Cruz, além de Marta Ren, Carlão, Sam the kid ou Peste e Sida, entre muitos outros.
Na vertente “internacionalista”, estão previstos “momentos de solidariedade” e troca de ideias com numerosos representantes de outros partidos ou movimentos: Cuba, Brasil, Palestina, Colômbia, Saara Ocidental, Ucrânia, Índia, Rússia, Chile, Irão, África do Sul ou Líbano.
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