Segundo uma nota informativa deste organismo sobre o “incidente grave” e à qual a agência Lusa teve hoje acesso, logo após a descolagem, com condições meteorológicas adversas, “a tripulação sentiu” que o avião, um Embraer 190-100, “não estava a corresponder adequadamente aos comandos, iniciando um movimento oscilatório das asas”.

A tripulação, “usando todos os recursos de controlo da aeronave nos seus três eixos, tentou imediatamente contrariar os movimentos sem, no entanto, perceber a causa da instabilidade do voo e sem conseguir ativar o piloto automático”, acrescenta o GPIAAF.

“Percebendo que estavam sem controlo efetivo da aeronave, [os elementos da tripulação] apenas minimizavam com muito esforço o movimento oscilatório da aeronave, tendo imposto cargas estruturais elevadas em algumas recuperações”, explica a investigação.

A tripulação declarou “de imediato emergência enquanto tentava diagnosticar a causa das atitudes anormais da aeronave” e “lutava para obter o controlo da mesma, sem indicações de falhas nos sistemas” do avião, "apenas alertas insistentes de atitudes de voo anormais".

“A situação não melhorou e as trajetórias provocaram acelerações intensas, impondo esforços à tripulação e passageiros, e levando a que a aeronave ficasse fora do controlo por alguns instantes em vários momentos”, relata a nota informativa do GPIAAF.

A bordo seguiam um piloto, dois copilotos e três técnicos da companhia aérea do Cazaquistão.

Atendendo “à criticidade da situação, a tripulação solicitou por várias vezes indicação de rumo para amarar o avião no mar”, mas não conseguiu manter os rumos desejados.

A aeronave descolou às 13:31 de domingo da base militar de Alverca do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, onde realizou trabalhos de manutenção programada nas instalações da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, SA, e aterrou pelas 15:28 do mesmo dia em Beja.

O avião esteve algum tempo a sobrevoar a região a norte de Lisboa e o Alentejo, numa trajetória irregular, antes de ter sido tomada a decisão de o Embraer aterrar em Beja.

Durante o voo, o GPIAAF conta que “a tripulação foi trabalhando em equipa, discutindo opções e tentando comunicar com os técnicos no sentido de formularem hipóteses e planos de ação”.

A tripulação decidiu então passar todo o sistema de comandos de voo para modo direto e “a situação melhorou significativamente”, mas “sem restabelecer a operação normal e mantendo-se as dificuldades de controlo no eixo longitudinal da aeronave”.

A tripulação constatou, então, que os ‘ailerons’ estavam com “um comportamento errático”.

Ao ganharem algum controlo da situação, a aeronave rumou para este à procura de melhores condições meteorológicas e começou a seguir o plano traçado pelo serviço de controlo de tráfego aéreo, para uma aterragem de emergência num aeroporto com boas condições meteorológicas e físicas, fruto da dificuldade da aterragem com controlo reduzido da aeronave.

“Nesta fase, em que os pilotos já conseguiam manter altitude e o rumo, e tinham condições visuais, juntou-se à aeronave uma parelha de caças F-16 da Força Aérea Portuguesa que ajudaram no guiamento até ao aeroporto de Beja, entretanto eleito como a melhor opção para a aterragem de emergência”, salienta o GPIAAF.

Depois de duas tentativas, a aeronave conseguiu aterrar em segurança em Beja.

“As evidências recolhidas até ao momento da redação da presente nota informativa, e ainda sujeito a confirmação em ensaios adicionais, sugerem a existência de falhas na configuração no sistema de controlo de pranchamento da aeronave, consistentes com eventuais perturbações desse sistema durante ações de manutenção”, aponta a investigação.

Todos os ocupantes da aeronave “ficaram física e emocionalmente abalados” e um dos técnicos sofreu lesões numa perna.

O voo KC1388 tinha como destino final a base do operador no Cazaquistão, em Almaty, com escala para reabastecimento em Minsk na Bielorrússia.

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