Trata-se de um trabalho desafiante, especialmente em partes remotas do Quénia, onde não existe rede de telemóvel e as equipas em terra não conseguem comunicar facilmente coordenadas ao pessoal de voo.
As equipas em terra estão “nos mais difíceis terrenos”, disse hoje Marcus Dunn, piloto e diretor na Farmland Aviation. “Se não houver rede, então um tipo numa ‘boda boda’ (motorizada) tem de correr e apanhar uma rede”.
Cinco aviões estão atualmente a dispersar spray no Quénia e outras autoridades estão a tentar impedir os gafanhotos de se espalharem aos vizinhos Uganda e Sudão do Sul.
As Nações Unidas afirmaram que são necessários imediatamente 76 milhões de dólares para desenvolver tais esforços no leste de África.
Uma resposta rápida é crucial. Especialistas avisaram que sem controlo, o número de gafanhotos pode crescer 500 vezes até junho, quando o tempo mais seco poderá ajudar a controlar o surto.
Gafanhotos com o tamanho de um dedo atingiram o Quénia a partir da Somália e da Etiópia, depois de intensas chuvas, pouco habituais, nos últimos meses, dizimando as colheitas em algumas áreas e ameaçando milhões de pessoas vulneráveis com uma crise de fome.
O ministro da Agricultura da Somália considerou hoje a praga emergência nacional e uma grande ameaça à frágil segurança alimentar do país, referindo que os enxames de gafanhotos “anormalmente grandes” estão a consumir grandes quantidades de colheitas.
Em enxames do tamanho de grandes cidades, os gafanhotos afetaram também partes do Sudão, Djibuti e Eritreia, cujo ministro da Agricultura disse que tanto os militares como a população em geral foram chamados a combater os animais.
O ministro da Agricultura do Quénia admitiu que as autoridades não estavam preparadas para a dimensão da infestação este ano. Fontes das Nações Unidas afirmaram não ser surpreendente, uma vez que passaram décadas desde a ocorrência de uma praga comparável.
Os gafanhotos estão também a dirigir-se para o celeiro da Etiópia, o segundo país mais populoso de África, na pior praga deste país em 25 anos.
Na quinta-feira, os primeiros habitantes da capital, Adis Abeba, começaram a reportar sinais de insetos.
“Fiquei surpreendido por encontrar gafanhotos dentro da minha sala de estar”, disse um residente, Mathewos Girma, mostrando uma fotografia no telemóvel: “Parece que está a bater à porta de todos nós”.
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