Os investigadores tinham referido, no fim de junho, que a análise da outra caixa-preta, que contém os dados do voo, havia indicado que a presença de fumo foi registada antes de o Airbus A320 - que fazia a rota Paris-Egipto com 66 pessoas a bordo - desaparecer dos radares. O voo MS804 caiu entre a ilha de Creta e a costa norte do Egipto, após ter subitamente desaparecido dos ecrãs dos radades por razões ainda indeterminadas, matando as 66 pessoas a bordo, entre as quais 40 egípcios e 15 franceses.

Segundo um comunicado, a comissão começou a ouvir as conversas gravadas, em que se regista a palavra "fogo". "Ainda é muito cedo para determinar o motivo ou local onde o fogo começou", assinala o texto. A nova informação poderia confirmar a tese de falha técnica para explicar o acidente, sendo que, num primeiro momento, o Egipto levantou a possibilidade de atentado.

Os dados dos cartões de memória do CVR (gravador de voz) foram extraídos no início do mês, após a recuperação do mesmo, encontrado no mar em meados de junho juntamente com a outra caixa-preta, que grava os dados do voo, o Flight Data Recorder (FDR). No comunicado, a comissão de investigação egípcia anunciou, ainda, o fim das buscas no mar. O navio de pesquisas John Lethbridge, que recuperou as duas caixas-pretas, "chegou ao porto de Alexandria hoje (sábado), após ter concluído sua missão (...) e ter assegurado a recuperação de todos os restos humanos no local da queda" da aeronave, destacou o texto.

No fim de Outubro, uma bomba explodiu a bordo de um avião com turistas russos logo após a descolagem da estância balnear de Sharm el-Sheikh, no leste do país, matando 224 pessoas. O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). Mas no caso do voo Paris-Cairo, a hipótese de atentado rapidamente perdeu terreno para a da falha técnica, sobretudo na ausência de uma reivindicação e em razão dos alarmes sinalizando falhas. A 20 de junho, a EgyptAir anunciou que a empresa tinha começado a indemnizar as famílias das 66 vítimas destinando a cada uma a quantia de 25.000 dólares. Esta soma não se refere às compensações financeiras, que serão pagas posteriormente pelas seguradoras, em função das responsabilidades dos diferentes actores implicados, que deverão ainda ser determinados pela investigação.