“Acreditem, viemos cá de cara lavada, viemos cá serenamente, dar conta daquilo que é a nossa perspetiva, e como podem imaginar, nem direta nem indiretamente foi posta em causa em nenhuma intervenção, também era o que faltava, o empenho de Portugal na organização e o seu compromisso para com a organização”, declarou Azeredo Lopes aos jornalistas.
O ministro apontou que o que esteve hoje em causa não foi a apresentação dos planos nacionais que cada aliado ficou de concretizar até final do ano para dar conta de que modo tenciona cumprir a meta de 2% do PIB consagrado a despesas na área da defesa, mas sim “quais os critérios de avaliação que doravante vão valer na organização”.
“E não é só uma questão de dinheiro, não é só uma questão sequer de capacidades, é também uma questão de compromisso e de empenhamento das capacidades de defesa de cada um nos diferentes teatros operacionais”, disse, realçando a importância desta terceira dimensão, que classificou como “as contribuições concretas que cada Estado dá para a defesa comum”, plano no qual considera que o empenhamento de Portugal é inquestionável.
Segundo Azeredo Lopes, “Portugal teve ocasião de dizer que os seus dados são dados razoáveis e estão numa linha mediana relativamente ao conjunto dos Estados-membros da organização”, mas disse também “que era importante e aplaudia um critério que não fosse apenas uma métrica orçamental”.
Apontando que “Portugal seguramente está na categoria dos contribuintes líquidos para a segurança e defesa comum”, realçou que o país “ao longo dos anos mostrou a sua solidariedade e o seu empenho, até em palcos que seguramente não são os mais ameaçadores para si, como o Leste europeu”.
“Houve uma discussão bastante franca, não tendo eu alias deixado de dizer que ainda recentemente, mesmo do ponto de vista das capacidades e do dinheiro, Portugal tinha sinalizado a sua intenção de renovar a sua frota de aviões de transporte médio, o que significa evidentemente um investimento muito elevado”, que terá repercussões na percentagem do PIB consagrado a despesas militares.
De acordo com dados atualizados hoje divulgados pela NATO, sendo os valores para 2017 estimativas com base nos números até junho, Portugal deverá ter aumentado ligeiramente as depesas, passando de 2.364 milhões de euros em 2016 para 2.512 milhões este ano, o que representará 1,32% do PIB, ainda significativamente aquém da meta dos 2%.
O ministro realçou designadamente os contributos que Portugal tem dado a nível de operações de treino e formação, em cenários como o Iraque.
“Eu não gosto de parecer o senhor Presidente da República, mas nós somos bons, de facto. Somos mesmo bons neste domínio”, disse, acrescentando que na recente declaração ao Iraque pôde testemunhar “o que um número que não é enorme de militares pode fazer em favor da capacitação das forças iraquianas”.
O ministro confirmou a disponibilidade de Portugal para “reforçar de modo significativo presença no Afeganistão”, e embora sublinhando que ainda nada está decidido, apontou que em causa pode estar “uma disponibilidade total, juntando a força de reação rápida e a formação e o treino, em torno dos 170 homens, o que é, considerando a dimensão de Portugal, um esforço muito significativo”.
Segundo o ministro, este é “mais um sinal de que Portugal é um contribuinte líquido”, e responde também “àquilo que tinha sido o compromisso de Portugal perante a NATO” de a descontinuação da presença no Kosovo não significar um menor empenho na organização.
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