"Não se trata de uma questão de independência ou de um grito do Ipiranga (…). Não se entenda isto como uma contradição face a nosso empenhamento com a NATO. O que se trata é de reafirmarmos a nossa capacidade própria em assegurarmos a nossa defesa e a nossa segurança sem com isso diminuir o papel da NATO", disse o ministro português.
Azeredo Lopes procurou vincar que grande parte dos membros da UE são membros da NATO e que ambas as organizações dialogam, dando como exemplos as operações ‘Sophia' e ‘Sea Guardian' que decorrem no Mediterrâneo.
"Não temos tendências esquizofrénicas. Acho que está feita a demonstração de que estamos a encontrar um caminho equilibrado, ambicioso e europeu de maior responsabilidade em matéria de defesa", disse o governante português, salientando que as relações entre a UE e a NATO são "saudáveis".
Azeredo Lopes diz ter "confiança plena" nas realções transatlânticas
“A circunstância de o Presidente norte-americano [Donald Trump], como foi dada notícia ainda hoje, ter tido uma conversa muito franca e importante com o secretário-Geral da NATO e ter, sobretudo, confirmado que estará presente na Cimeira de maio são sinais que, felizmente, parecem contradizer as tendências que alguns consideravam ser relativamente catastróficas, mas que não parecem confirmar-se”, afirmou numa reunião do “Quarteto do Sul”, realizada no Porto.
O governante disse encarar com “muita serenidade” as relações transatlânticas em matéria de defesa, acreditando que a NATO saberá ter a capacidade para enfrentar desafios que “realmente não são fáceis”, mas se até hoje foram superados com êxito não há razões para que seja de outra forma.
“Destacaria, pela positiva, o empenhamento que o novo secretário da Defesa norte-americano disse ter a 100% perante a organização [NATO],e não temos qualquer razão para duvidar de tal empenhamento, considerando que ele próprio lá desempenhou funções militares muito importantes”, salientou.
Donald Trump vai encontrar-se em maio com os seus parceiros da NATO, anunciou no domingo a Casa Branca após um contacto telefónico do Presidente norte-americano com o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg.
Trump expressou “um forte apoio à NATO”, mas apelou para uma maior contribuição dos europeus, referiu a Casa Branca em comunicado, acrescentando que o Presidente dos Estados Unidos “concordou em participar no encontro dos líderes da NATO na Europa no final de maio”.
No decurso de uma conversa telefónica com o primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni, no sábado, Trump tinha reiterado o compromisso dos Estados Unidos com a NATO e enfatizado a importância de que “todos os aliados da NATO participem nas despesas no setor da Defesa”.
Trump acusou por diversas vezes a NATO de estar “obsoleta” e em 2016 criticou os parceiros europeus da Aliança por não disponibilizarem verbas suficientes, para além de sugerir que poderia reduzir o apoio norte-americano ao bloco transatlântico.
Azeredo Lopes respondia aos jornalistas ladeado pelos seus homólogos espanhol, Maria Cospedal, francês, Jean-Yves le Drian, e italiana, Roberta Pinotti, numa reunião que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, e na qual foi assinada uma carta que será enviada ao secretário-geral da organização.
O governante não quis adiantar muito sobre o teor do documento, reservando a divulgação para depois do destinatário tomar conhecimento do seu conteúdo, mas confirmou que neste encontro do "Quarteto Sul" foram abordados temas relacionados com uma estratégia da NATO para o chamado flanco sul, bem como ligados à nova América de Trump.
Este encontro antecede a reunião dos ministros de Defesa dos 28 países da NATO, dias 15 e 16, em Bruxelas, na qual estará presente pela primeira vez o novo secretário da Defesa norte-americano, o general reformado James Mattis.
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