"Mário Soares foi o político português que melhor soube encarar o mais profundo resultado da política, que é: saber perder é igual a saber ganhar. Ele perdeu com mesma naturalidade com que muitas vezes venceu", recordou Bagão Félix, aos jornalistas.

O centrista Bagão Félix falava aos jornalistas à saída do Mosteiro dos Jerónimos, onde o corpo de Mário Soares está em câmara ardente.

"O principal sentimento com que aqui vim foi um sentimento de gratidão enquanto português", sustentou ao considerar o antigo chefe de Estado Mário Soares como um homem a quem muito se deve do ponto de vista da liberdade e da democracia liberal.

Para o antigo ministro das Finanças, Mário Soares foi "uma pessoa que exerceu política com gosto e com sentido de serviço, mas também com aquilo que é importante num político", nomeadamente um ser humano, que "tem falhas" e "que erra".

"Foi um português da história contemporânea a quem muito devemos, independentemente das diferenças. Eu estava em campos ideológicos diferentes, mas sempre encontrei em Mário soares um exemplo", disse ainda.

São várias as personalidades, desde a política à cultura, que ao longo da tarde se têm deslocado ao Mosteiro dos Jerónimos para prestar a última homenagem a Mário Soares, como foi o caso do maestro António Vitorino de Almeida, que classificou o antigo chefe de Estado como "uma figura da história universal".

"Apesar das suas inúmeras responsabilidades, Mário Soares era um homem extremamente bem divertido e bem-disposto", recordou.

Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.

O corpo do antigo Presidente da República vai estar em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos até à meia-noite de hoje, e entre as 08:00 e as 11:00 de terça-feira.

O funeral realiza-se pelas 15:30 de terça-feira, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

Nascido em 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.

Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.

Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.