Uma operação conjunta da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Polícia Judiciária (PJ), nos bairros do Ingote e da Rosa, em Coimbra, culminou hoje com vários detidos e com a apreensão de armas e de doses elevadas de droga, disse fonte da PSP à agência Lusa.

"Havia de ser uma todos os meses", reagiu uma moradora do Ingote, dizendo que "nunca se viu tanto" tráfico de droga como nos tempos mais recentes naquela zona dos subúrbios da cidade.

Durante a noite, por volta das 02:30, vários moradores acordaram com o som de vários tiros no Bairro da Rosa, sugerindo uma disputa entre duas famílias.

Pelas 07:00, os dois bairros acordaram com várias buscas a residências por parte da PSP e PJ, numa iniciativa policial de grandes dimensões.

Um morador que vive no Bairro da Rosa desde a sua fundação, há cerca de 20 anos, não se lembra de um "aparato tão grande" como aquele que hoje encontrou na sua zona de residência.

"Nunca nos sentimos tão inseguros como agora. Tem piorado muito", conta à Lusa esse habitante, sublinhando que nunca se viu "tanto tráfico".

Uma mulher que vive no Ingote há 40 anos diz que tudo é feito "à descarada", vendo-se muitos carros topo de gama a passar pelo bairro para comprar estupefacientes.

"É tudo feito tão à descarada, que até sabemos onde eles [traficantes] têm os esconderijos", sublinha, defendendo também mais operações na zona.

No entanto, apesar de operações como a de hoje "amedrontarem", "amanhã voltará tudo ao mesmo"."Acho que foi positivo", disse à Lusa outra moradora do Ingote, sugerindo que uma antiga capela desocupada sirva como "posto de polícia permanente" e considerando que as operações apenas dissuadem o tráfico momentaneamente.

Para a habitante deste bairro de Coimbra, é necessário polícia de proximidade.

"Queremos viver em paz e em segurança", realça a moradora, que desde o tiroteio que houve em agosto desistiu de fazer caminhadas à noite.

"Há quase 40 anos que vivo aqui e nunca tive medo. Mas, agora, nunca sabemos o que podemos encontrar", salientou.

Foram realizadas várias buscas a residências naquele bairro problemático da cidade de Coimbra no cumprimento de mandados judiciais, disse à agência Lusa outra fonte da PSP.

Foram apreendidas doses elevadas de droga e de armas e efetuadas ainda algumas detenções, disse a fonte, sem especificar.

A operação, que já terminou e que teve no início no local, às 07:00, culmina uma investigação de vários meses.

Nove detidos e cerca de 50 buscas 

A operação, que se iniciou às 07:00, contou com mais de 300 operacionais da PJ e da PSP, e culminou com a detenção de "nove suspeitos" e com a apreensão de várias armas e munições de vários calibres, de uma "quantia significativa de haxixe e heroína", automóveis, equipamento informático e alguns "milhares de euros", informou hoje o diretor da PJ do Centro, Rui Almeida, em conferência de imprensa.

Houve detenções que ocorrem "em flagrante delito" e outras no âmbito do cumprimento de mandados, acrescentou.

A operação "desenrolou-se na sequência da proposta feita ao DIAP [Departamento de Investigação Ação Penal] de Coimbra, no âmbito de vários inquéritos pendentes, que visam a investigação de tráfico de estupefacientes, tráfico de armas e agressões físicas com armas de fogo que configuram tentativas de homicídio", explicou Rui Almeida.

Para além das investigações que estavam a ser desenvolvidas, a operação, de acordo com o diretor da PJ, está também relacionada com a necessidade de "repor a segurança e tranquilidade pública", transmitindo a mensagem de "que não há nenhum espaço que esteja de fora do alcance e poder das polícias".

Durante a operação, que ocorreu sem incidentes, foram também identificadas "várias pessoas", que poderão ou não ser detidas no futuro, após "avaliação dos indícios".

Rui Almeida afirmou aos jornalistas que o tiroteio que ocorreu durante a noite no bairro da Rosa terá sido "uma mera coincidência", mas que se insere no "pano de fundo" que desencadeou a operação - o sentimento de insegurança por parte da população daquela zona.

O comandante distrital da PSP de Coimbra, Pedro Teles, realçou que a operação "visou essencialmente retomar o sentimento de segurança da população, em especial no Bairro do Ingote", destacando a "excelente coordenação" entre PSP e PJ.