Em declarações à agência Lusa, Maria João Costa, da associação Habita, disse que, apesar de, durante a manhã de segunda-feira, os moradores, juntamente com membros de associações, terem impedido as máquinas de avançar sobre as construções, acabaram por ser demolidas as oito casas.
“Demoliram as construções sem qualquer plano do que iam fazer com as famílias. Não havia um plano para as realojar. É uma vergonha que o Estado, porque a câmara é Estado, pense em demolir sem ter uma solução para dar às pessoas num dia de chuva como estava ontem [segunda-feira]. Estou envergonhada com o papel do Estado português”, frisou.
Maria João Costa disse que foi exigido à Câmara de Loures “algum tipo de realojamento e que não separassem as famílias”, tendo sido todos encaminhados para a Casa da Cultura de Sacavém.
Segundo a ativista, aquelas pessoas estão alojadas em camas de campanha no salão de festas da Casa da Cultura e “até sexta-feira têm de aparecer soluções” porque nesse dia terão de sair daquele espaço.
“Estão à espera que as famílias consigam uma habitação no mercado para arrendar ou de um familiar que as aloje. Foram os dois cenários colocados”, contou. De acordo com Maria João Costa, a Segurança Social ajudará com as despesas em qualquer uma das soluções.
“Foi um despejo desumano, estamos a falar de idosos, mulheres, crianças”, disse.
Na segunda-feira, a Câmara Municipal de Loures disse que o caso das oito famílias desalojadas estava a ser analisado pela Segurança Social para serem encaminhadas para um abrigo de emergência.
“A Câmara Municipal de Loures está a levar a cabo a demolição de oito construções ilegais na localidade do Catujal, oito famílias que foram devidamente analisadas e encaminhadas para os serviços da Segurança Social, oito famílias que residem há meses naquele local e que construíram aquelas barracas”, começou por explicar à Lusa a vice-presidente da autarquia, Sónia Paixão.
De acordo com a responsável, a ação insere-se na política de habitação que o executivo municipal está a levar a cabo “de grande fiscalização no território de forma a não permitir a construção de novas habitações desta índole”.
Sónia Paixão referiu que os casos foram “devidamente assinalados há mais de uma semana e providenciados os mecanismos de apoio existentes”, a cargo da Segurança Social, que é quem tem a responsabilidade de abrigo de emergência, de acordo com a responsável.
A autarca acrescentou também que “dos oito, há dois casos que estão a ser analisados cumulativamente pelos serviços da câmara porque cumprem, eventualmente, requisitos à luz do regulamento de habitação”, apesar de agora poderem ser acolhidos num abrigo de emergência.
Comentários