Depois de ter estado na sexta-feira na sede nacional da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, em Lisboa, e de ter contribuído para a campanha em híper e supermercados durante o fim de semana, Marcelo Rebelo de Sousa voltou no domingo à noite à sede da recolha de alimentos em Alcântara já depois das 23:00.

Apesar de na altura em que falou aos jornalistas ainda não haver um balanço final, o chefe de Estado salientou que os números de sábado “ultrapassaram os da campanha anterior”. “Para mim é uma boa surpresa, o tempo esteve muito mau, muito irregular, e isso dificulta uma campanha desta natureza. Por outro lado, não se sabia se havia ou não uma ligeira desaceleração económica, como é que as pessoas iam realmente reagir e foram espetaculares em termos de solidariedade”, destacou. “Significa que os portugueses se excederam, quem está de parabéns são os portugueses”, reforçou.

A presidente da federação que reúne os 21 Bancos Alimentares de todo o país, Isabel Jonet, afirmou aos jornalistas que, apesar de estar na instituição há 25 anos, fica “sempre surpreendida com a rede social real” que é possível construir.

“Estas campanhas só são possíveis porque há pessoas que dão tempo, como os voluntários, pessoas de todas as idades, de todas as classes sociais, de todas convicções que, lado a lado, querem mostrar ativismo e que estão presentes para aqueles que não têm comida na mesa todos os dias. No Natal, isso é ainda mais importante”, afirmou.

Isabel Jonet agradeceu também a todas as pessoas que, nos híper e supermercados, doaram bens, “muitas vezes elas próprias com necessidades”.

Contas feitas, a presidente da federação considerou ter sido "uma campanha muito, muito bem sucedida", acrescentando que a quantidade total recolhida "ainda pode aumentar".

Isabel Jonet lembrou que a recolha de alimentos "prossegue nos supermercados, e na internet até 08 de dezembro", através do site www.alimentestaideia.pt, ou em vales ("Ajuda Vale") disponíveis nos estabelecimentos comerciais.

“O senhor Presidente da República tem sido um parceiro muito relevante (…) É um bom embaixador, dá não só o tempo dele, mas contribui também com produtos”, afirmou Isabel Jonet.

Isabel Jonet destacou também "a grande adesão de voluntários", cerca de 40 mil dos 21 Bancos Alimentares (Abrantes, Algarve, Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Cova da Beira, Évora, Leiria-Fátima, Lisboa, Madeira Oeste, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, S. Miguel, Terceira, Viana do Castelo e Viseu).

"Não podemos deixar de sublinhar o papel dos voluntários, pessoas de todas as idades, com convicções políticas e religiosas diversas que, participando, lado a lado, contribuem de forma fraterna e solidária para uma sociedade mais justa e coesa”, disse a responsável.

"Temos de agradecer aos milhares de doadores, aos voluntários, às empresas e entidades que apoiaram esta campanha, dando assim o seu grande contributo para que os Bancos Alimentares possam continuar a acudir a muitas pessoas necessitadas", sublinhou Isabel Jonet.

Os géneros alimentares recolhidos serão distribuídos, a partir da próxima semana, a 2.400 instituições de solidariedade social, que os entregam a cerca de 380 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confecionadas.

Mais de 2,2 milhões de pessoas estão em risco de pobreza em Portugal ou exclusão social (21,6% da população), de acordo com dados divulgados recentemente pelo INE.

O Banco Alimentar Contra a Fome foi criado em Portugal em 1991 com a missão de lutar contra o desperdício e distribuir apoio alimentar a quem mais precisa, em parceria com instituições de solidariedade e com base no trabalho voluntário.

A nível europeu, existem 290 Bancos Alimentares operacionais em 24 países, que, em 2018, distribuíram mais de 781.000 toneladas de alimentos - equivalentes a 4,3 milhões de refeições diárias, em parceria com 45.700 organizações sociais, beneficiando mais de 9,3 milhões de pessoas.