Falando aos jornalistas à saída do julgamento do processo principal do Universo Espírito Santo, em que foi ouvido como testemunha, José Maria Ricciardi voltou a criticar o então governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, pela forma negativa como este reagiu às reservas por si manifestadas, em 2013, face à governança de Ricardo Salgado.
José Maria Ricciardi referiu que na altura esperava que tivesse havido “mais atenção” do BdP ao que se estava a passar e que foi por si transmitido, salvaguardando que, na ocasião, “não sabia 3%” daquilo que sabe hoje.
“Mesmo assim, achava que a ‘governance’ não era aceitável. Eu achava que se devia modificar a ‘governance’, o Banco de Portugal não entendeu assim”, relatou José Maria Ricciardi.
Questionado se uma decisão diferente do Banco de Portugal podia ter evitado o que veio a acontecer, com a derrocada do BES/GES e agora o julgamento, o antigo responsável do BESI respondeu: “Acho que sim!”.
Também indagado pelos jornalistas se considera o ex-presidente do BES Ricardo Salgado como o maior culpado do sucedido, replicou: “parece-me óbvio”.
Para José Maria Ricciardi este escândalo teve como consequência as instituições ficarem “muito mais fortes” e a ‘governance’ das mesmas “muito mais controlada”.
As pessoas que exercem altos cargos nos bancos “têm [hoje] um filtro muito maior”, disse.
“Os portugueses podem estar hoje muito mais descansados do que naquela altura”, quando o BES/GES ruiu, afirmou.
José Maria Ricciardi recusou pronunciar-se sobre a doença de Alzheimer que foi diagnosticada a Ricardo Salgado e suas implicações, dizendo apenas: “Isso cabe aos tribunais”.
No depoimento hoje prestado em tribunal, o antigo responsável do BESI disse que o antigo governador do BdP “assobiou para o lado, não quis saber de nada” no alerta que lhe fez em 2013.
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