Em breves declarações aos jornalistas à entrada para a reunião do Conselho de Assuntos Gerais da UE, no Luxemburgo, dedicada ao estado das negociações sobre o ‘Brexit’ (artigo 50º), Barnier, que ao longo dos últimos meses apontou o Conselho Europeu que tem início na quarta-feira em Bruxelas como “o momento da verdade”, admitiu que serão necessárias mais algumas semanas para tentar fechar um acordo com Londres, e disso dará conta aos líderes europeus na cimeira.

“Permanecem várias questões em aberto, entre as quais a da Irlanda, pelo que o meu entendimento é que é preciso mais tempo para esse acordo global, e esperar por esse progresso decisivo de que precisamos para finalizar esta negociação sobre a saída ordenada do Reino Unido. E vamos tomar esse tempo calmamente, de forma séria, para encontrar esse acordo global nas próximas semanas”, declarou Barnier.

O principal negociador do lado europeu disse que se trabalhou muito “na semana passada e nos últimos dias com as autoridades britânicas para encontrar um acordo global sobre o objetivo de uma saída ordenada do Reino Unido” — agendada para 29 de março do próximo ano -, mas ainda não há entendimento sobre algumas questões, a mais importante das quais a da Irlanda, “para que não haja, sob qualquer circunstância, fronteira física na ilha da Irlanda”, posição na qual a UE não recua.

O Conselho Europeu reúne-se a partir de quarta-feira à noite, em Bruxelas, numa cimeira que tinha como objetivo “fechar” um acordo entre UE e Reino Unido para a concretização do ‘Brexit’, cenário que parece cada vez mais distante.

Na segunda-feira, o próprio presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu, na carta-convite para a cimeira enviada aos chefes de Estado e de Governo da UE, que o cenário de uma ausência de acordo para a concretização da saída do Reino Unido é “mais provável do que nunca”.

Lembrando que o objetivo traçado há sensivelmente um mês na cimeira de Salzburgo era alcançar o máximo de progressos e resultados com vista a ser possível “fechar” um acordo neste Conselho Europeu de outubro, Tusk aponta que, “tal como as coisas estão hoje, isso revelou-se mais complicado do que alguns esperariam”.

“Devemos manter-nos esperançados e determinados, uma vez que há boa vontade de ambas as partes para prosseguir estas negociações. Mas, ao mesmo tempo, responsáveis como somos, temos de nos preparar a UE para um cenário de ausência de acordo, que é mais provável do que nunca”, observou o presidente do Conselho Europeu.