"É possível que os sindicatos médicos encarem essa possibilidade [de greve nacional] como uma forte possibilidade, porque há muitas coisas que não estão bem um pouco por todo o SNS", referiu Miguel, durante uma visita ao Hospital de Barcelos.

As organizações sindicais médicas ameaçam avançar com uma greve nacional dos médicos caso não cheguem a bom porto as negociações que serão apresentadas à tutela num programa com vista à resolução dos problemas do setor.

No final de uma reunião entre as organizações sindicais, reunidas sexta-feira no Fórum Médico, em Lisboa, estas consideraram que "a pressão excessiva e a interferência, por parte da tutela, nas boas práticas médicas, e consequentemente na qualidade da medicina, ultrapassaram o limite do aceitável".

"Os médicos e os doentes portugueses estão indignados com a situação que se vive atualmente na saúde", indicava o comunicado enviado à comunicação social no final do encontro de sexta-feira.

Para Miguel Guimarães, a questão do pagamento das horas extraordinárias foi "a gota de água" que fez transbordar o copo dos sindicatos.

Em causa está um decreto, publicado na sexta-feira, que, segundo o bastonário, não repõe a 100 por cento o pagamento das horas extraordinárias e cria desigualdades entre médicos.

"[O decreto] coloca médicos a fazer exatamente a mesma coisa mas em circunstâncias desiguais, o que é um sinal de desmotivação para os médicos", disse o bastonário.

Também hoje, em Santo Tirso, o ministro da Saúde manifestou disponibilidade para dialogar com os médicos para evitar a realização de uma greve nacional, mas salientou que "o país ainda não está em condições de atender a todas as expectativas".

"Amanhã [terça-feira] vai haver uma reunião entre o secretário de Estado da Saúde e os sindicatos, o diálogo está aberto e nós tudo faremos para, no quadro de responsabilidade política global, ir ao encontro daquilo que são as expectativas, que são legítimas. Mas, como os portugueses compreenderão, não são todas elas suscetíveis de ser atendidas num único momento, porque o país ainda não está em condições de o poder fazer", disse o ministro Adalberto Campos Fernandes.