
O presidente russo, Vladimir Putin, visitou na terça-feira a região fronteiriça de Kursk, várias semanas após as forças russas expulsarem as tropas ucranianas da zona, informou o Kremlin nesta quarta-feira.
“Vladimir Putin realizou uma visita de trabalho no dia anterior à região de Kursk”, onde se reuniu com o governador interino e outras autoridades, indicou o Kremlin em comunicado, segundo a AFP.
As tropas ucranianas tomaram controlo de partes da região de Kursk em agosto de 2024, mas foram expulsas pelas forças de Moscovo, com o apoio de soldados norte-coreanos, no final de abril.
As imagens transmitidas pelo canal Rossia 24 mostraram Vladimir Putin descontraído e sorridente, sentado à volta de uma grande mesa decorada com chá e doces, acompanhado por habitantes da região, refere a AFP.
Segundo o Kremlin, Putin visitou também a central nuclear local e reuniu-se com autoridades da cidade. O presidente russo já tinha visitado Kursk no final de março.
Continuação das negociações
Entretanto, o Papa Leão XIV confirmou à primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a sua disponibilidade para acolher no Vaticano a próxima ronda de negociações para tentar pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, anunciou Meloni na terça-feira.
“Ao receber do Santo Padre a confirmação da disponibilidade para acolher as próximas conversações entre as partes no Vaticano, a primeira-ministra expressou profunda gratidão ao Papa Leão XIV pelo seu constante empenho pela paz”, referia o comunicado emitido pelo gabinete de Meloni, citado no The Guardian.
O recente eleito Papa Leão XIV reforçou que o Vaticano poderia atuar como mediador em conflitos globais, embora sem referir especificamente a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Ao mesmo tempo, a primeira-ministra italiana afirmou ter mantido conversações com outros líderes europeus e com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre os próximos passos. “Foi acordado manter uma coordenação estreita entre os parceiros com vista a uma nova ronda de negociações para alcançar um cessar-fogo e um acordo de paz na Ucrânia.”
Entre chamadas e provocações
Zelensky acusou a Rússia de estar a “tentar ganhar tempo” para prolongar a guerra, um dia após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter discutido o conflito com Putin numa chamada telefónica de duas horas. A conversa não resultou em concessões significativas por parte de Moscovo.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, acusou também Vladimir Putin de “jogar com o tempo” e de não estar verdadeiramente interessado na paz na Ucrânia. Para Trump, se Putin não colaborar nas próximas negociações, a interferência dos Estados Unidos não será mais precisa.
Na sua análise regular, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) afirmou na terça-feira: “A Rússia deve reconhecer explicitamente a legitimidade do presidente, do governo e da constituição ucranianos, bem como a soberania da Ucrânia, para que possa haver negociações de boa-fé.” O ISW defendeu ainda que Putin deve aceitar um cessar-fogo antes de se discutir um acordo de paz definitivo. O instituto acusou Moscovo de tentar expandir a sua lista de exigências quando, na verdade, deveria estar a abdicar de certas decisões.
A resposta da Europa e novas sanções
Depois de a União Europeia ter aprovado, na terça-feira, o seu 17.º pacote de sanções contra a Rússia — centrado na “frota sombra” de petroleiros, violações dos direitos humanos e ameaças híbridas —, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que já está a ser preparado um 18.º pacote, com medidas ainda mais duras.
O governo do Reino Unido anunciou também 100 novas sanções contra a Rússia, abrangendo os setores militar, energético, financeiro e figuras envolvidas na “guerra de informação de Putin contra a Ucrânia”.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou esperar que a Rússia apresente nos próximos dias uma proposta geral de cessar-fogo com a Ucrânia, permitindo aos EUA avaliar se Moscovo está de facto empenhado. “Em breve, talvez ainda esta semana, o lado russo deverá apresentar os termos,” disse Rubio numa audição no Senado.
Por fim, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiha, apelou ao G7 para reduzir o teto do preço do petróleo russo transportado por via marítima para 30 dólares por barril, sendo que o limite atual está fixado nos 60 dólares. A Ucrânia participa esta semana nas reuniões do G7 no Canadá.
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