Raquel Castanharo, fisioterapeuta e treinadora de corrida de montanha, tem partilhado a sua paixão pelo desporto e saúde nas redes, contando com mais de 3 mil seguidores. Tem a filosofia que "pode correr quem quiser, independentemente do peso e da idade", e deve fazê-lo.

Quando questionada no podcast "Os Sócios" sobre se a corrida é para todos, a fisioterapeuta insistiu que sim, "principalmente para quem tiver vontade". Segundo Raquel Castanharo, a corrida é mais apelativa por ser barata e ter efeitos na saúde em menos tempo, do que apenas a caminhada. É também uma resposta mais sustentável para um dos "maiores problemas de saúde pública e causa de morte: o sedentarismo", nota.

Pessoas com excesso de peso podem correr?

Em vários momentos, na sua página e em entrevistas, Raquel Castanharo defende que a razão para não correr das pessoas com excesso de peso não é só justificada pela falta de vontade, "é uma coisa que colocaram sobre a pessoa e a deixou com medo". E, para a fisioterapeuta, "a missão é tirar-lhes esse medo". E, acrescenta, que não há base científica para esse medo.

Raquel Castanharo defende que é preciso dar oportunidades de treino e não excluir ninguém. Sobre o risco de lesão, diz que tem "mais medo que uma pessoa magra, jovem, que começa a treinar e acha que é o super-herói se machucar. Essa pessoa tem muito mais risco de lesão do que uma pessoa de sobrepeso".

"Os dados mostram: não há problema em correr em sobrepeso, não há risco de se machucarem. Há sim um risco de lesão, que é o mesmo de um iniciante", reforça. O preconceito afasta as pessoas da corrida "em vez de as ajudar", termina, "o tratamento deve ser igual".

"O tempo é uma questão de saúde pública"

Para a fisioterapeuta, nem todas as pessoas que não conseguem correr estão a arranjar desculpas: "É muito fácil para um influencer dizer que a falta de tempo é uma desculpa, porque não demoramos duas horas a chegar ao trabalho e a voltar, e depois em casa temos de lavar a loiça, fazer jantar, cuidar dos filhos. O tempo é uma questão de saúde pública e é válida".

Da mesma forma, Raquel Castanharo acha que quem corre não tem de ter capacidade para responder aos preços dos produtos que são tendência e apresenta soluções mais baratas. O "bom senso" e o respeito pelo outro são valores que promove em vários dos seus vídeos.

Lembra ainda a importância de não comparar o desempenho de um corredor com o dos outros, e de o fazer por gosto, com um horário de treino constante. "Quanto mais treino, menos probabilidade haverá de se lesionarem", explica, lembrando que tudo é um exercício "de persistência".

Além disso, na sua página, Raquel Castanharo desconstrói preconceitos associados ao desporto, adaptando a corrida a quem pode, quer e consegue fazê-lo, com vista à melhoria da saúde. "A corrida é boa para a redução de probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, cancro, para ter uma qualidade de vida e autoestima muito melhor", no podcast VIVA A CORRIDA, um programa online para corredores.