“Precisamos de mais de 5.000 médicos para cobrir as deficiências de uma forma mais alargada”, vincou durante a conferência “Os Médicos e o SNS, 40 anos”, integrada na 22.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, a decorrer no Porto até sábado.

Miguel Guimarães lembrou ainda que mais de 50% dos médicos que trabalham em Portugal tem mais de 50 anos e que, a partir dessa idade, estão dispensados de fazer noites e, a partir dos 55 anos, de fazer urgências.

“Mas, continuam a fazer noites e urgências e é isso que tem segurado o SNS, senão o SNS já teria colapsado”, referiu.

O défice destes profissionais no SNS faz com que as listas de espera aumentem, quer das consultas, quer das cirurgias, que existam maiores dificuldades em fazer determinados tratamentos e a aceder a inovação terapêutica e que nem todos os cidadãos tenham médico de família, sublinhou.

Os médicos vivem hoje com uma “sobrecarga” de trabalho, pressão e stress, fazendo com que fiquem mais desmotivados, exaustos e abandonem o SNS, considerou o bastonário.

E isto faz com que as taxas de absentismo ao trabalho aumentem, ressalvou.

Para apoiar esses médicos, a Ordem dos Médicos criou há algum tempo um gabinete para ajudar os profissionais vítimas de Síndrome de Burnout, de agressão ou sofrimento ético, recordou.

Para Miguel Guimarães, é fundamental investir nas pessoas para recuperar o SNS, fazendo com que o SNS seja atrativo e que cativa os jovens profissionais.

“É preciso valorizar as competências dos profissionais e dar ânimo a esses porque se continuamos a ter um SNS muito bom é à custa destes”, salientou.