Os chefes de equipa de urgência do hospital pediátrico D. Estefânia, em Lisboa, tornaram hoje pública a sua demissão, para exigir mais 12 médicos especialistas.
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), que hoje realizou uma visita ao hospital e esteve reunido com a equipa demissionária, destacou aos jornalistas o facto de os chefes de serviço já terem feito vários alertas à administração, no sentido de ser “absolutamente essencial a contratação de mais médicos” para o serviço.
“Estes médicos pediram a demissão porque esta situação no serviço de urgência é muito complicada”, disse o bastonário, apresentando como exemplo da falta de pessoal o facto de os planos de contingência do hospital não conseguirem ser assegurados na totalidade.
“A tutela sabe desta situação e não pode ignorar as necessidades deste hospital, que serve uma população pediátrica importante e ninguém do ministério falou com os clínicos demissionários”, acrescentou.
Miguel Guimarães aproveitou a ocasião para fazer um apelo à ministra da Saúde para que conheça a situação do hospital pediátrico e afirmou que há médicos que estão dispostos a trabalhar no hospital.
“A falta de médicos é uma realidade incontornável neste hospital e a isso junta-se a falta de enfermeiros e de assistentes operacionais. Temos uma situação complexa e merece a atenção de quem tem responsabilidade política”, afirmou.
Segundo Alexandre Valentim Lourenço, do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos, os chefes de serviço de urgência demissionários “atingiram o limite”, lembrando que a falta de médicos no serviço “pode comprometer a qualidade e a segurança dos doentes”.
Os chefes de equipa já pediram à administração a contratação de 12 especialistas e esses pedidos já entraram na plataforma digital do Ministério da Saúde, mas sem sucesso, revelou Alexandre Valentim Lourenço.
Luís Nunes, diretor clínico do centro hospitalar de Lisboa central, reiterou que a demissão da equipa da urgência pediátrica “resulta das dificuldades sentidas, devido à falta de recurso humanos”, adiantando que já foi possível contratar cinco médicos, mas “o número é claramente insuficiente para o hospital”, apontando para a necessidade de mais cinco especialistas.
“Nós precisamos de ter equipas de urgências e ter capacidade, com número de médicos suficientes, de manter e assegurar todos os serviços e especialidade - algumas delas únicas no país”, apelou o diretor.
A visita do bastonário dos médicos foi acompanhada pelo presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, que disse ter estado presente para “dar apoio aos médicos” demissionários, aproveitando para dizer que o hospital pediátrico “atravessa uma situação gravíssima”.
(Notícia atualizada às 14:02)
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