"O Presidente da República disse que 2016 foi o ano da gestão imediata, mas é preciso dizer que foram dados passos muito importantes no caminho certo e que romperam com as políticas do governo anterior", disse Pedro Soares à Lusa em reação à mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa.

"Os sucessos foram obra dos portugueses, mas foi um caminho feito em confronto com a direita e com a ortodoxia da União Europeia", disse o deputado, exemplificando com a recuperação "dos rendimentos do trabalho, das pensões, do salário mínimo nacional, das 35 horas, defendeu-se a escola pública, reverteu-se a privatização dos transportes públicos, e tudo isto era um caminho considerado pela direita e pela União Europeia como impossível".

Para o deputado bloquista, "há muito a fazer, é verdade", mas o Presidente devia ter ido mais longe na questão da dívida pública: "A referência do Presidente da República sobre o muito que há a fazer na dívida pública transporta-nos para a necessidade de colocar em cima da mesa a reestruração da dívida e as próprias regras do euro, que são desajustadas da nossa e da maior parte das economias do sul e têm-nos empobrecido".

Para o Bloco de Esquerda, o ano que passou mostra que "ficou claro que foram políticas à esquerda que configuraram os sucessos, e são políticas à esquerda que poderão fazer de 2017 um melhor ano para Portugal e para os portugueses".

O Presidente da República descreveu hoje 2016 como o da "gestão do imediato" e desejou mais "crescimento económico" em 2017, no seu discurso de primeiro dia do ano, em Lisboa, reconhecendo "pequenos passos", mas "muito por fazer".

"2016 foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro. 2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado. Aprendendo a lição de que, no essencial, tivemos sucesso quando nos unimos", disse Marcelo Rebelo de Sousa, na sala das bicas do Palácio de Belém.

Na sua primeira comunicação ao país por ocasião do Ano Novo, de cerca de oito minutos, o Chefe de Estado disse que "demos passos - pequenos que sejam - para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro da crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável. Tudo isto foi obra nossa - nossa, de todos os portugueses. No entanto, ficou muito por fazer", vincou.

Apesar de um "balanço positivo", Rebelo de Sousa lamentou o crescimento da economia "tardio e insuficiente", os cortes de financiamento em "domínios sociais", a dívida pública "muito elevada" e o sistema de justiça "lento".