Questionada pelos jornalistas sobre a prestação de António Costa na RTP, na segunda-feira, Catarina Martins sintetizou que “o primeiro-ministro fez uma entrevista para repetir as intransigências à esquerda e para apelar a uma maioria absoluta”.

No final de uma reunião com a direção do Agrupamento de Centros de Saúde de Sintra, em Massamá, a coordenadora do BE aproveitou a ocasião para exemplificar as intransigências do executivo socialista que, segundo o PS, conduziram ao chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2022.

Sintra, afirmou, é o concelho do país com mais habitantes sem médico de família, “mais de 100.000 pessoas”, e o que o Governo apresentou para valorizar as carreiras foi o aumento do número de horas extraordinárias que os profissionais de saúde podiam fazer.

“Os profissionais de saúde estão exaustos, não aguentam mais horas extraordinárias. O que precisamos de fazer é de ter carreiras e salários que permitam captar os profissionais que optaram pelo privado, para voltarem para o Serviço Nacional de Saúde”, sustentou.

Na entrevista, Costa sublinhou que “quem manda no PS ainda são os militantes do PS e não Catarina Martins”, reagindo a uma alegada posição da líder do BE sobre a sua sucessão no partido.

Interpelada sobre estas declarações, a dirigente bloquista disse não fazer “a mínima ideia de o que é que poderá ter dado sequer a ideia de que alguma vez” fez declarações sobre uma eventual sucessão de Costa no PS para o BE poder voltar a negociar com os socialistas.

“Nunca me pronunciei sobre essa matéria e nunca me pronunciarei sobre tal”, assegurou, depois de durante o dia de hoje já ter recorrido à rede social Twitter para classificar como um “momento infeliz” aquela parte da entrevista.

Sobre uma eventual impossibilidade de o executivo avançar com o aumento extraordinário das pensões, Catarina Martins disse ser “difícil explicar” que o Governo “considere que não tem legitimidade política” para esta matéria, “uma vez que em outras matérias” demonstrou que “tem toda a legitimidade política, seja nas concessões de minas, seja nos eucaliptos”.

Sobre uma possível repetição do acordo feito em 2015 para a próxima legislatura, a coordenadora do BE defendeu que o PS em 2019 é que optou por seguir outro caminho.

O PS também “decidiu outro método, que foi aprovar toda a legislação que era estrutural com a direita e depois dizer que a esquerda tinha de aprovar Orçamentos do Estado, mesmo quando não resolvia problemas, mesmo quando em muitos casos interrompeu o trabalho que tinha sido feito nos últimos quatro anos”, completou, e por isso o partido viu-se impossibilitado a continuar a viabilizar as propostas orçamentais.