A coordenadora do BE, Catarina Martins, visitou esta manhã a Secundária de Ermesinde, uma escola do concelho de Valongo, distrito do Porto, que não tem obras há 30 anos, apesar de ter estado inscrita como prioritária no plano de requalificação da empresa Parque Escolar, e cujo estado de degradação já motivou cartas entregues em mão a vários governantes, vigílias noturnas, um cordão humano, entre outras manifestações.
Catarina Martins ouviu os alunos, o diretor da escola, Álvaro Pereira, e os representantes da Associação de Pais enumerar os "problemas estruturantes" da escola que recentemente recebeu a notícia de que iria ter obras em 2017 graças à sua inclusão no mapeamento para fundos do Portugal 2020.
No entanto, a verba alocada é de 3,9 milhões de euros - enquanto o projeto original da Parque Escolar que “caiu” em 2011 rondava os 17 milhões de euros -, um valor que Álvaro Pereira estima que "dê para pintar umas paredes e melhorar as condições básicas das salas e pouco mais".
Perante os desabafos da comunidade escolar, a coordenadora dos bloquistas deixou um desafio ao Governo: "Sem prejuízo de avançarmos já com as verbas que existem para estas intervenções de urgência, os protocolos que estão a ser assinados com as autarquias e com as escolas devem incluir já um programa de investimento de um maior alcance que de facto requalifique estas escolas e faça com que todas as crianças e jovens do nosso país possam ter aulas em salas do século XXI", disse.
Catarina Martins criticou o anterior Governo PSD/CDS-PP por ter "parado todos os investimentos que estavam a ser feitos na escola pública", lembrando que "se há escolas por todo o país que foram requalificadas, há muitas escolas que não têm obras há 30 anos".
"O Orçamento do Estado que estamos a debater não tem a capacidade de investimento que é necessária na escola pública neste momento (…). Há escolas que têm salas que não são adequadas a este século. Existem acordos nomeadamente para retirar o amianto. Irão para a frente e aqui em Ermesinde também, mas há depois outras intervenções que têm de ser feitas e que precisam de muito mais do que os programas que foram anunciados", defendeu a líder do BE já no final da reunião com os responsáveis da escola.
Já ao longo da visita às instalações, Catarina Martins foi dizendo que "os 3,9 milhões são importantes", mas admitiu que o estabelecimento de ensino "necessita de muito mais do que isso", logo, aconselhou, "deve ser estabelecido um compromisso claro de que existirá uma segunda fase de obras".
"Porque há sempre a tentação de fazer inaugurações e depois esquece-se que ó se está a inaugurar uma parte do necessário e o estruturante precisa de mais", referiu Catarina Martins exatamente junto a um conjunto de salas de aulas às quais os alunos de Ermesinde chamam de "galinheiros".
Ao lado Ricardo Alves da Associação de Pais referia: "E o equipamento para equipar as salas de aulas [referindo-se a computadores e projetores] não está incluído na verba. Esta é uma escola de mérito, com bons resultados nos rankings. Se não se investe nesta escola, investe-se em qual?".
A Secundária de Ermesinde tem cerca de 1.500 alunos entre o quinto e o 12.º ano.
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